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Enviada em: 28/10/2017

Para uma nova perspectiva de Brasil          Lima Barreto, em seu livro “Os Bruzundangas”, ilustrou uma problemática nação que satirizava o Brasil do início do século XX. Esse país fictício apresentava problemas como uma certa ineficiência da justiça e a propensão dos cidadãos à violação dos direitos humanos. Passado quase um século, seria razoável que a obra do autor pré-modernista não fosse tão parecida com o Brasil atual. Todavia, não é o que acontece quando se observa a falta de limite no que cerne a liberdade de expressão. Nesse sentido, é necessário entender os porquês dessa problemática, os quais estão relacionados a fatores políticos e educacionais.           Inicialmente, destaca-se o plano político da problemática. De fato, como bem ilustrou Max Weber, o Estado, teoricamente, possui monopólio da justiça e da violência, o que garante coesão social. Contudo, ao falhar ou tardar em cumprir sua função punitiva, esse agente pode ser visto por muitos como ineficiente ou conivente, o que estimula atos de barbárie  por parte de pessoas que julgam que pode-se falar e fazer o que bem entendem. Por conseguinte, ao não cumprir seu papel, o Estado perde o monopólio da força, causando fenômenos como discursos de ódio e desrespeito a liberdade do outro, já presente no tempo de Lima Barreto.           Outrossim, há a dimensão cultural da questão. Thomas Hobbes definiu que o homem, em seu estado natural, está em constante guerra e violência, cabendo ao governo e à educação salvaguardar a proteção. Não obstante, a formação escolar brasileira não trata de forma aprofundada o que é correto perante a lei, tangenciando-a em poucas aulas de ciências humanas, devido à existência de outros extensos conteúdos a serem lecionados. Consequentemente, indivíduos sem uma formação sólida sobre a constituição nacional podem vir a cometer injurias e transgredir a lei, regredindo ao estado de guerra hobbesiano.            Torna-se evidente, portanto, que deve haver limites na liberdade de expressão bem como atuando com o politicamente correto. Logo, O Estado, como defensor dos direitos da população e do bem estar social , deve criar leis que impeçam a população de ir contra a Declaração de Direitos Humanos. Ademais, as escolas devem abordar com mais atenção os aspectos da Constituição cidadã. Mais detalhadamente, aulas de sociologia e história que abordem Max Weber e Thomas Hobbes podem ser usadas para propor discussões mediadas pelo professor, o que incutirá nos alunos o ideal do que é politicamente correto. Com essas medidas, que não exclui outras, espera-se que se diminua a barbárie assim como as semelhanças com Bruzundangas.