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Enviada em: 01/04/2018

Em um contexto de bipolaridade política mundial, a ditadura militar foi instituída no Brasil com forte repressão, a fim de evitar a propagação das ideias comunistas. Sendo assim, o direito à liberdade de expressão foi refreado frente à determinação legal da censura, o que favoreceu o estabelecimento da ditadura do politicamente correto, determinado conforme a narrativa política dominante, que responde historicamente à necessidade de movimentação social. Dessa forma, a intolerância social, bem como a ausência de um ensino questionador contribuem para o desequilíbrio entre esses dois fenômenos que impactam a vida social.               Sob tal ótica, apesar de ser um direito fundamental que ocupa posição de preferência na Constituição vigente, a liberdade de expressão comumente é utilizada de forma abusiva. Sobretudo em relação aos grupos minoritários, as manifestações de opinião e pensamento podem ser excedentes e caracterizar o que, segundo o filósofo político Isaiah Berlim, é denominado liberdade negativa. Tal conceito aplica-se na presença de um princípio ao dano, momento em que a sociedade e o poder público possuem o dever de impor limites em prol do bem estar social.                  Em contrapartida, a ideologia pregada pelos "justiceiros sociais" que reforçam o politicamente correto apresenta uma aceitação passiva dos pontos de vista dominantes e homogeniza politicamente a sociedade, especialmente as gerações nascidas na pós modernidade e na era digital, onde a disponibilidade massiva é de informações prontas. Segundo o pedagogo Paulo Freire, o questionamento e o desafio dos preconceitos e das ideias formadas consistem na base para uma educação crítica e libertadora que, em sua ausência, gera problemas sociais, como por exemplo, uma geração vitimista e hipersensível.                Infere-se, portanto, que o desequilíbrio entre a liberdade de expressão e o politicamente correto impactam as questões sociais da pós modernidade. Logo, o Poder Público, em parceria com a mídia, deve investir no aumento da fiscalização das manifestações opiniativas, sobretudo nos meios virtuais, a fim de elucidar os limites da liberdade de expressão. Ademais, o Ministério da Educação deve trabalhar, em parceria com as famílias, na implantação de uma educação questionadora, heterogênea e crítica por meio de debates e estímulo à leitura, a fim de formar cidadãos tolerantes e indivíduos pensantes com uma postura ativa na sociedade.