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Enviada em: 22/03/2018

O artigo 5º da Constituição brasileira, em seu inciso IX, declara livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e comunicativa no país. No entanto, tal direito é, usualmente, mal interpretado no âmbito nacional, já que é comum a disseminação de discursos de ódio e a  discriminação velada contra minorias, sob alegação de que a liberdade de pensamento deve prevalecer. Desse modo, deve-se discutir a importância do politicamente correto nessa questão. Em primeiro plano,é válido destacar que, hodiernamente, há o constante abuso do pleno direito de manifestação de ideias para a realização de discursos de ódio de forma explícita. Nessa perspectiva, é notório que a violação aos direitos humanos não está ligada somente à prática da violência física, mas também ao uso de termos pejorativos e ofensivos que desrespeitam a integridade moral daqueles que sofrem com essas ações. Indubitavelmente, um fator para a intensificação de atos como tal foi a possibilidade de anonimato que as tecnologias atuais, como a internet, forneceram aos usuários, os quais se aproveitam dessa oportunidade para ridicularizar determinados grupos, a exemplo de homossexuais, negros e mulheres. Com efeito, fica evidente que, para mitigar o preconceito ao se adotar certo posicionamento diante de um fato, é preferível a utilização da linguagem politicamente correta, com objetivo de que a máxima do filósofo medieval Santo Agostinho, segundo o qual na essência os indivíduos são iguais e na diferença devem se respeitar, seja aplicada. Outrossim, deve-se salientar que é comum o uso de mecanismos com teor satírico a fim de disfarçar a prática da discriminação contra as minorias. Assim, vê-se, frequentemente, que charges, piadas, programas humorísticos e/ou práticas culturais acabam por ferir os direitos daqueles que, por algum motivo, são marginalizados na sociedade. Dessa forma, o politicamente correto passa a constituir um  recurso que tem por objetivo dar voz a uma parcela do meio coletivo  historicamente estereotipada. Um exemplo dessa aplicação foi  a campanha contra o uso de fantasias de índios no carnaval lançada pela artista Katú Mirim no início de 2018, segundo a qual tal ato desrespeita a cultura indígena. Fica clara, portanto, a importância da linguagem politicamente correta para impedir a violação dos direitos humanos decorrente do abuso da liberdade de expressão na contemporaneidade. Por conseguinte, cabe às instituições de ensino, com apoio do Ministério da Educação, realizar, por meio de campanhas e palestras, projetos de conscientização acerca da necessidade do respeito às diferenças nas manifestações de opinião. Tal medida, que deve contar com a presença de professores especializados no assunto, visa conscientizar o público jovem acerca da problemática do preconceito. Só assim, formar-se-á uma geração mais tolerante no contexto moderno.