Materiais:
Enviada em: 23/03/2018

Ao afirmar "Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la", o filósofo moderno Voltaire permite uma séria reflexão sobre a ideia central do conceito de Liberdade de expressão: o respeito mútuo. Relativamente a essa discussão, avalia-se que, apesar do discurso do politicamente correto, por vezes, afrontar os princípios da liberdade de opinião do próximo, é imprescindível estabelecer limites entre manifestação de pensamento e ofensa à dignidade humana.       Sob essa abordagem, é prudente discutir acerca dos posicionamentos cada vez mais presentes na contemporaneidade relativamente ao discurso do politicamente correto. Com efeito, mediante o pretexto de não expressar opiniões particulares para evitar estabelecer estereótipos sociais, ou ainda a fim de não gerar posicionamentos contrários na sociedade, muitas pessoas acabam por se esconder por trás de falsas máscaras e omitem sua real concepção. Nesse viés, convém destacar o filósofo contemporâneo Luiz Felipe Pondé, ao dizer que "o politicamente correto se tornou ferramenta de censura, constrangimento e que dificulta o pensamento de forma mais livre".       Não obstante, é crucial entender que, quando se ultrapassam os limites da respeitabilidade e do bem-estar social, a liberdade de expressão se torna um mecanismo de constrangimento e tortura. Sob essa perspectiva, pode-se mencionar o comentário extremamente arrogante e desnecessário feito pelo humorista Rafinha Bastos ao dizer "comeria ela e o bebê" em relação à cantora Wanessa Camargo durante sua gravidez. Tal realidade configura, pois, uma grande distorção de ideias, haja vista, com a justificativa de exercer o direito de se manifestar artisticamente, violam-se as prerrogativas legais previstas na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5, para além de constituir uma grave afronta à dignidade da pessoa humana.       Frente a esse dilema social, urge, por conseguinte, a atuação das instituições de ensino relativamente à discussão acerca das "ideias politicamente corretas" em sendo mecanismos de, na maioria dos casos, limitar a manifestação de opiniões particulares, por meio de debates em grupo entre alunos e mestres, a fim de problematizar essa questão e permitir aos estudantes formar um senso crítico sobre a temática. Ademais, é importante a participação da Polícia Civil e Militar em relação ao controle nos casos de discriminação e em que se transpõe o direito à liberdade de expressão, por intermédio punições educativas aos agressores e indenizações às vítimas de desrespeito e ofensas.