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Enviada em: 26/03/2018

Por trás dos olhos dos ofendidos        Com a chegada da internet todos ganharam igual poder de fala, com isso, lentamente foram surgindo problemas relacionados ao que se era permitido publicar na rede. Desde então, diversas medidas formais e informais foram realizadas na tentativa de colocar uma barreira judicial e moral na liberdade ilimitada que foi criada. Tais medidas buscam categorizar definitivamente o que é considerado um abuso de liberdade de expressão. Dentre os principais fatores que impedem a resolução concreta desse problema, merecem ressalva: a moral não ser universal, bem como a polissemia de frases.          É de conhecimento de todos que cada pessoa possui uma visão de mundo única. Na internet, todos podem compartilhar suas visões e debater sobre os mais variados temas, contudo, existem assuntos que geram muita polemica ao serem citados, dentre eles estão: aborto, drogas, sexualidade, armas e etnia. A grande repercussão acontece pela divergência de opinião, de cunho social e moral, que acabam por entrar em conflito. No Brasil, descrever alguém como sendo "preto" é considerado racismo, já nos Estado Unidos, acontece o completo oposto, o termo "nigger"(negro) é que é racista. A mesma analogia pode ser estendida para toda e qualquer discussão moral, portanto, a briga entre "certo" e "errado", difundida pela ideologia do politicamente correto, jamais será resolvida.          Somado a isso, também é preciso ter em mente que não se pode controlar como determinada mensagem será interpretada. Na obra de Paul Bloom, O Que Nos Faz Bons ou Maus, o autor apresenta uma pesquisa feita com liberais e conservadores, onde é perguntado aos participantes se eles tivessem de escolher entre matar um negro para salvar 100 brancos — ou o contrário — qual seria sua escolha. Os participantes conservadores responderam que era indiferente, já os liberais, acreditavam ser um absurdo matar o negro e se mostraram muito mais dispostos a matar a pessoa branca. Esse estudo mostra de forma clara que muitas vezes o preconceito está nos olhos do ofendido, sendo assim, sempre haverão pessoas que se sentirão injuriadas em relação a algo que foi dito.        Logo, diante de uma problemática praticamente intangível, é necessário que as instituições encarregas — delegacias — ajam de forma imparcial filtrando cautelosamente as denúncias, por meio de questionários e análises, onde a liberdade de expressão realmente é extrapolada, ou seja, quando o que é dito tem o objetivo de ofender. Por outro lado, no mundo virtual, é praticamente impossível acabar com as infindáveis brigas e insultos, uma das alternativas é incluir na escola o ensino de gestão emocional, empatia e dialética, para que assim, com o passar do tempo quando esses jovens amadurecerem e forem usar a internet, saibam expor e receber ideias de modo civilizado e racional.