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Enviada em: 01/05/2018

Narciso, personagem da Mitologia Grega, tem por característica um amor próprio em demasia, o que, por consequência, ao tentar aproximar-se de seu reflexo nas água de um lago, acaba por se afogar. Analogamente, quando se observa a busca exagerada pela beleza, verifica-se que assim como Narciso, milhares de brasileiros se dispõem a arriscar a vida pela estética. Desse modo, a problemática persiste ligada a realidade do país, sendo necessário analisar suas causas veinculadas a influência socio-midiática, bem como consequências para a saúde.    A princípio, é importante considerar os padrões construídos pelas redes sociais como um fator preponderante para a manutenção do problema. Sendo assim, a partir de centenas de publicações diárias que põe em primeiro plano corpos estruturais e níveis de beleza quase que sem imperfeições, internautas de todo o mundo se encontram influenciados a conseguirem atingir o corpo "ideal". Tal fato, vai de encontro com os pensamentos do filósofo Nietzsche, que crê que o homem não possui um real livre arbítrio, sendo preso por "amarras sociais". Desse modo, a felicidade e a realização passam a ser inteiramente relacionadas ao que se convenciona como belo, mesmo que isso acarrete problemas futuros.  Consecutivamente, a procura por métodos rápidos, fáceis e, no entanto, inseguros, tornou-se um fato comum na busca por atingir tais padrões. A esse respeito, o filósofo Jean Baurdrillard definiu a sociedade hodierna como aquela que prefere o "parece" em detrimento do "ser". Assim, adeptos das "receitas milagrosas" e práticas cirúrgicas de modificação corporal crescem a cada dia, sendo exemplo de como o desejo pela adequação social leva a atitudes extremas. Em decorrência disso, casos de bulêmia e anorexia aumentam exponencialmente, o que também se relaciona com a taxa de ao menos uma morte por mês por cirurgias plásticas.   Torna-se evidente, portanto, que os limites entre estética e saúde não são atualmente respeitados no Brasil, sendo necessária uma intervenção. Sob essa perspectiva, o Ministério da Saúde, em cossonância com o Mídia, deverá promover uma representatividade das várias formas de beleza além daquelas já padronizadas. Isso deverá ser feito através de campanhas e novelas de alto engajamento social, a fim de estimular a autoaceitação, o reconhecimento da diversidade e alertar acerca dos riscos da busca excessiva de adequação aos padrões. Somente assim, os Narcisos do Brasil, a longo prazo, deixarão de ser afogar em razão do seu próprio reflexo.