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Enviada em: 28/02/2019

Com a globalização, o papel midiático ganha importância no fluxo de informações, propagando imagens de valores socialmente aceitos de modelos perfeitos de corpos a serem seguidos. Esses são tidos como uma imposição coletiva que minimiza, drasticamente, o poder de escolha individual no Brasil. Nesse contexto, duas vertentes são apontadas para a discussão da problemática: os transtornos oriundos da insatisfação pessoal e a busca incessante por tais ideais.        Primeiramente, a sociedade brasileira, em sua maioria, vive a escravidão difundida pela indústria da beleza, uma vez que diversos entes colocam em risco sua vida para alcançar silhuetas esmeradas. Exemplo disso são os distúrbios alimentares, como é o caso da anorexia, bulimia e vigorexia, que distorcem a própria imagem vista no espelho, além de gerar uma autorrejeição, muitas vezes, agravada pelas doenças emocionais -depressão e ansiedade. Diante disso, percebe-se que essas consequências não são analisadas pelas indústrias da moda e midiática, já que elas se valem da massificação de modelos restritos (estrutura física magra e alta com cabelos lisos) que não abrangem diversos corpos.        Ademais, ocorrências mais extremas envolvem processos cirúrgicos que ameaçam a integridade física dos indivíduos. Exemplo desse fato é o óbito de Lilian Calixto após aplicar silicone industrial em procedimento estético com o Doutor Bumbum, em 2018 (segundo dados da BBC News). Nesse ínterim, os estudos de Pierre Bourdieu a respeito da violência simbólica -imposição de valores próprios do sistema dominante- se confirmam com esses acontecimentos no século XXI. Todavia, essa situação necessita de ser revertida, visto que esses princípios sociais são inatingíveis, este aspecto que é intrínseco da corrente do cinismo da cultura Helenista, cuja filosofia tinha papel terapêutico e de busca da felicidade, explicita que quanto mais se eliminam as necessidades supérfulas, mais se é livre.       Destarte, faz-se preciso o averiguamento das questões relacionadas à pressão exercida do meio social no indivíduo. Assim, é mister que o Ministério da Cultura vistorie o ambiente midiático, supervisionando os assuntos divulgados, além de criar propagandas com modelos dos mais variados tipos de silhueta para que a população, em sua totalidade, tenha sensação de felicidade com o seu próprio aspecto, ao invés de ser pressionada por uma padronização. Outrossim, é importante que as escolas invistam nas aulas de sociologia, atreladas à participação de psicólogos com o objetivo de interação por meio de palestras que instiguem o senso crítico das futuras gerações, com o efeito de evitar a alienação imposta pela mídia. Somente assim, a frase de Bourdieu fará parte do meio brasileiro: "Aquilo que foi criado para se tornar instrumento de democracia direta não deve ser convertida em mecanismo de opressão simbólica".