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Enviada em: 15/10/2017

Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista goza de uma imagem extremamente positiva do Brasil que, na opinião dele, precisa apenas de alguns pequenos ajustes para tornar-se uma nação desenvolvida. Atualmente, o país persiste com uma série de deficiências, dentre elas a busca desenfreada de muitos brasileiros pelo corpo perfeito, mesmo que isso possa ser danoso à saúde. Esse quadro perdura, principalmente, pela influência da mídia e da sociedade.          Primeiramente, é notório que a atuação negativa dos meios de comunicação está entre as raízes do problema. De acordo com o filósofo alemão Max Horkheimer, a mídia tem o poder de manipular os hábitos de consumo e os valores morais de uma população. Nesse sentido, pode-se observar que publicidades de cosméticos, vestuário e outros produtos diversos – normalmente veiculadas em revistas, internet e em canais de televisão – exibem, em sua maioria, modelos com corpos esculturais praticamente inatingíveis, denotando um falso padrão de beleza que incentiva muitos jovens a ignorar os limites de sua saúde para atingi-los.          Além disso, o segmento social em que o indivíduo está inserido intensifica esse fenômeno. De acordo com filósofo e psicólogo alemão Kurt Lewin, o comportamento do ser humano é consequência de uma junção entre características pessoais e interferência do ambiente. Nesse sentido, fica evidente que a vaidade exagerada persiste porque o pensamento presente no segmento social brasileiro ainda é profundamente influenciado pela crença humanista na existência de um corpo perfeito, sendo que hoje o consenso cientifico é na subjetividade da beleza, independente de medidas e proporções matemáticas.        Denota-se, portanto, que ausência de limites na busca do corpo ideal constitui um sério desafio para o país e precisa ser combatida. Posto isso, é imperativo que o Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (CONAR) e a organizações não governamentais atuem para amenizar a problemática. Ao CONAR, compete intensificar a fiscalização sobre as publicidades que possuam manipulação digital do corpo dos atores, vetando aquelas que possuam graves modificações, com o fito de reduzir a cobrança estética nos telespectadores. Paralelamente, as ONGs, importantes aglutinadoras da sociedade, deveram organizar saraus, abertos ao público e com atrações variadas que abordem a questão, objetivando descontruir a atual mentalidade dos brasileiros sobre o tema. Assim, com Estado e sociedade civil e unindo forças em prol de um país mais justo e humano, construir-se-á o Brasil que Policarpo Quaresma tanto exaltava.