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Enviada em: 22/08/2018

Segundo os filósofos da escola de Frankfurt, a sociedade capitalista caracteriza-se pelo consumo frenético de seus produtos. É nesse contexto contemporâneo que se assenta o grande acúmulo de lixo e sua destinação inadequada nas cidades brasileiras, reflexos da ineficiência das políticas públicas de gestão de resíduos no país, bem como da falta de consciência populacional, o que provoca graves consequências ambientais e sociais para a nação .         Diante disso, é indubitável que o descaso dos entes federativos, especialmente dos municípios, com tal problemáticas esteja entre as causas dessa mazela social. Segundo Aristóteles, a política deve ser usada de modo a alcançar a igualdade e o bem estar dos cidadãos. De maneira análoga, observa-se que no Brasil tal ideal não é praticado, haja vista que, embora sejam proibidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), promulgada em 2010, práticas de direcionamento do lixo de forma inadequada continuam presentes nos municípios brasileiros - boa parte (20%) do lixo no Brasil ainda é acondicionado em lixões, os quais deveriam ter sido desativados desde 2014, segundo a lei - o que provoca a contaminação dos rios e dos solos pelo chorume e contribui para disseminação de doenças, como as verminoses infantis.         Outrossim, ações maléficas coletivas realizadas pela população brasileira, entendidas como "normais", agrava tal quadro. De acordo com Hannah Arendt, filósofa alemã, o mal se insere pela irreflexão. Nesse sentido, a prática de comportamentos considerados corriqueiros pelo corpo social, como jogar lixo nas ruas, consumir de forma inconsciente e descartar objetos eletrônicos em locais inapropriados, sem, no entanto, refletir a respeito de suas consequências, contribui para a permanência do acúmulo de resíduos sólidos nas cidades brasileiras, o que leva à enchentes, pelo entupimento de bueiros, poluição dos córregos e morte dos animais, devido ao processo de magnificação trófica de elementos tóxicos, como o mercúrio, presente nos eletrônicos, provocando o desequilíbrio ecológico e urbano.            Dessa forma, os desafios para a gestão adequada de lixo no Brasil relacionam-se a questões políticas e sociais. Destarte, o Ministério do Meio Ambiente, junto ao do Planejamento, devem efetivar a PNRS no país por meio da cobrança na construção pelos municípios dos aterros sanitários a fim de substituir o descarte inadequados do resíduos nos lixões e reduzir a contaminação ambiental por esses. O Ministério da Educação e a sociedade civil organizada devem, ainda, incentivar o consumo consciente e o direcionamento correto do lixo pela população por meio de campanhas midiáticas e de oficinas nas escolas a fim de reduzir o seu acúmulo nas cidades e alcançar o bem estar social.