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Enviada em: 14/10/2018

"Para a ganância, toda a natureza é insuficiente". A afirmação de Sêneco reflete com precisão a paradoxal relação do ser humano com o meio ambiente, de onde provém os recursos necessários à sua sobrevivência. Tratando-se das sociedades líquido-modernas, o ciclo de produção, consumo, uso e descarte de produtos se tornou extremamente veloz e, assim, quase imperceptível. Entretanto, são indubitáveis a exacerbada geração de lixo urbano e industrial, bem como os reflexos dessa problemática: a contaminação de lençóis freáticos e rios ou a superlotação dos lixões em diversas cidades são alguns exemplos. Certamente, é preciso que medidas sejam tomadas com o intuito de proteger a Terra e os próprios homens da destruição que a espécie vem causando.   Sob essa óptica, vale ressaltar a inadimplência estatal quanto às políticas públicas de despejo de materiais no Brasil. Ao longo dos anos, já foram denunciados por telejornais diversos casos de descarte inadequado de lixo, entre eles, de resíduo hospitalar, situação que pode provocar a transmissão de doenças como hepatite C e AIDS. Além disso, o odor repugnante de certas bacias hidrográficas evidencia a presença de dejetos, que não só causam incômodo às pessoas, como desequilibram a biota e podem destruir ecossistemas aquáticos. Portanto, deveria haver maior preocupação governamental em relação à questão supracitada, em prol da qualidade de vida humana e da manutenção dos sistemas naturais.  A par disso, resta apontar o desprezo da própria população quanto ao descarte de resíduos, perceptível pela presença de pilhas, baterias e outros materiais com potencial tóxico nos lixões. Esses objetos apresentam substâncias como o níquel e o cádmio, que podem atingir aquíferos, animais e indivíduos que ingerirem água contaminada. Não obstante, a reincidência de patologias como a leptospirose está diretamente relacionada à existência de lixo nos bueiros das cidades, que culminam nas temidas enchentes. Obviamente, esse cenário demonstra a falta de educação e de cidadania de parte da sociedade, situação que por vezes se dá por carência de ações punitivas.  Com base no pressuposto e admitindo que a conjuntura consumista global de manterá, o Governo Federal precisa, em parceria com o Ministério da Educação, promover debates nas escolas sobre a produção e o descarte de lixo, estimulando crianças e jovens a buscar soluções cotidianas para essa questão. Além disso, o Governo Federal pode atuar viabilizando leis que prevejam punições severas a empresas e pessoas que pratiquem o despejo impróprio de dejetos. Da mesma forma, cabe às gestões municipais a discussão sobre a eliminação de materiais em lixões e a idealização de locais mais apropriados, tudo isso visando ao devido tratamento das questões que envolvem o ambiente. .