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Enviada em: 18/10/2018

No documentário "Lixo Extraordinário", o artista plástico Vick Muniz explora o, até então, maior aterro sanitário do mundo, localizado no Rio de Janeiro, em busca de inspiração para suas obras. Fora do audiovisual, a relação entre lixo e cidadania está longe de aparentar uma peça de arte, devido ao consumo desenfreado e irresponsável e à negligência governamental.    A princípio, cabe destacar que, segundo Stuart Mill, todo comportamento não contestado tende a enraizar-se na sociedade. Em visto disso, convém considerar que, a fim de obter o máximo lucro monetário, o sistema capitalista utiliza publicidades coercitivas e encurta o tempo de vida de produtos eletrônicos. Em consonância com tal modelo, a falta de instrução sobre a consumação consciente deixa os indivíduos vulneráveis àquela coerção. Como resultado, o consumo exacerbado gera mais de 200 toneladas de lixo por dia, segundo o IBGE, que demorarão décadas até serem decompostas.      Além disso, é válido analisar que, apesar do artigo 225 da Constituição Cidadã responsabilizar o Estado pela garantia de preservação ambiental, o mesmo não cumpre. Tal realidade pode ser observada na falha do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que visava acabar com os lixões a céu aberto até 2014, mas 60% dos municípios não cumpriu. Por conseguinte, o despejo inadequado ameça a biodiversidade e a saúde pública, fazendo com que o direito constitucional fique apenas no papel.     Portanto, a fim de estimular o consumo consciente, o Ministério da Educação, em articulação com ONGs ambientalistas, deve promover cine debates e palestras semanais, que abordem os impactos e a importância de reduzir a geração de lixo. Outrossim, cabe ao Ministério do Meio Ambiente estipular uma nova meta para o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, através de incentivos fiscais aos municípios, com o intuito de aumentar o compromisso local e o impacto global, semelhante às obras plásticas do renomado artista Vick Muniz.