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Enviada em: 28/07/2019

Segundo os filósofos da escola de Frankfurt, como Theodor Adorno, as sociedades modernas, estimuladas pela indústria cultural capitalista, caracterizam-se pelo consumo excessivo. É nesse contexto de inconsciência coletiva que se assenta a problemática do acúmulo de lixo e seus impactos sociais e ambientais no mundo e no Brasil. Tal conjuntura parece intimamente relacionada ao escasso engajamento do cidadão brasileiro para sua redução, bem como à inércia do poder público para tomada de ações locais de remediação, necessitando ser combatidas.           Diante disso, é indubitável que a escassez de espaços de diálogo sobre a educação ambiental no Brasil esteja entre as causas dessa preocupante realidade nacional. De acordo com Hannah Arendt, filósofa alemã, em sua obra "Eichmann em Jerusalém", o mal insere-se pela irreflexão daqueles que o praticam. Seguindo essa linha de pensamento, as escolas e as mídias, ao não desenvolverem o debate sobre o consumo consciente e sobre o papel dos cidadãos na preservação da natureza, contribuem para a manutenção de práticas corriqueiras maléficas para o planeta, a exemplo do descarte de lixo em locais inapropriados, como lagos e rios. Como consequência disso, há poluição de ecossistemas com a morte de animais, como os peixes, e o não incentivo do engajamento cidadão para adotar medidas de preservação ambiental.        Outrossim, o descaso do poder público para com a gestão adequada desses resíduos sólidos a nível local agrava tal quadro. Para Aristóteles, filósofo grego, em seu livro "Ética à Nicômaco", a política deve ser usada de modo da garantir o bem-estar do corpo social. No entanto, observa-se que tal ideal não é devidamente praticado pelos entes federativos brasileiros, haja vista que, a despeito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a maior parte (80%) dos municípios brasileiros não possuem o serviço de reciclagem, previsto na lei, segundo o IBGE. Isso proporciona o acúmulo de resíduos tóxicos e inutilizados, como o lixo eletrônico, no país, expondo a população a doenças, comprometendo seu bem-estar.        Dessa forma, urge que o Estado brasileiro tome medidas diligentes que mitiguem os impactos do excesso de lixo no Brasil. Destarte, o Ministério da Educação e a sociedade civil organizada devem incentivar o engajamento dos cidadãos para modificar tal realidade por meio de rodas de conversas nas escolas e campanhas de publicidade nas mídias sobre a adoção de hábitos mais sustentáveis, a fim de conscientizar a sociedade quanto aos impactos ambientais de seus atos. Por fim, os Estados e municípios devem, mediante planos diretores, ampliar os serviços de gestão do lixo para garantir o cumprimento da lei.