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Enviada em: 22/02/2018

Segundo Theodor Adorno, filósofo alemão, o sistema capitalista, através da Indústria Cultural, implanta a necessidade de consumo nas pessoas. Desse modo, a produção e o descarte de resíduos sólidos se tornam cada vez maiores e evidenciam a difícil relação entre a sociedade consumista e a natureza, uma vez que esta se encontra cada vez mais poluída. Nesse cenário de danos ao meio ambiente, o hábito de consumo irresponsável e a má gestão do lixo são, indubitavelmente, fatores que não podem ser negligenciados. Em primeira análise, cabe pontuar que, conforme corrobora a teoria de Adorno, a sociedade pós-moderna adquiriu hábitos degradantes, como o consumo desenfreado e irregular de bens não duráveis, fazendo com que uma crescente quantidade de lixo fosse depositada no meio ambiente. Nota-se, além disso, a prática conhecida como “obsolescência programada”, que consiste no fato de uma empresa produzir um bem de maneira que este se torne obsoleto após um tempo reduzido de uso, fortalecendo o aumento da produção de resíduos. Dessa forma, vê-se que um dos caminhos para amenizar a produção de lixo é a mudança da concepção capitalista de culto ao novo, ao tecnológico, uma vez que não só os produtores, mas também os consumidores, exercem papel ativo no que diz respeito à crescente taxa de liberação de resíduos no ambiente. Ademais, conforme ilustrou o célebre físico Isaac Newton, toda ação gera uma reação de mesma intensidade. Nesse contexto, a ação antrópica gera reações que são maléficas ao ecossistema e aos próprios seres humanos, como a poluição de rios e lençóis freáticos, a proliferação de vetores de doenças e, até mesmo, o aumento do número de enchentes devido ao entupimento de canais de escoamento urbanos. Diante disso, percebe-se que os problemas envolvendo o lixo e o meio ambiente só serão abrandados com políticas públicas que efetivem o manuseio correto dos resíduos, possibilitando a destinação correta desde os domicílios até os centros de destinação final do lixo. Fica evidente, portanto, que a produção de detritos que advém do consumo humano é uma questão ambiental e, sendo assim, não pode ser responsabilidade de uma só pessoa ou entidade. Desta forma, o Ministério da Educação, em parceria com as escolas, deve realizar palestras que abordem questões envolvendo desde a produção até a destinação final dos resíduos sólidos, objetivando a mudança de comportamento do povo brasileiro no que diz respeito ao tema. Além disso, é essencial que o poder público apresente, junto às emissoras de televisão, campanhas sobre o manejo correto dos materiais e os programas de coleta seletiva, com abrangência nacional, como forma de estimular a população a participar ativamente da gestão do lixo a nível domiciliar. Dessa maneira, espera-se harmonizar a relação entre o ser humano e os resíduos gerados por ele mesmo.