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Enviada em: 04/06/2018

Segundo a sociologia de Durkheim as manifestações populares tiveram a sua gênese a partir de uma consciência coletiva acerca das calamidades sociais, essas que são um reflexo da ineficiência estatal na aplicabilidade das leis e na garantia da moral e do bem estar coletivo. A partir disso, não obstante as manifestações populares tenham um papel imperioso na manutenção da democracia, as repressões e a falta de consenso popular configuram intempéries para esse efeito no Brasil.         Em primeiro plano, o uso desproporcional da força por parte dos setores de segurança pública nas manifestações, fere princípios da Magna Carta. A esse respeito, é cabível destacar a revolta de maio de 1968 ocorrida na França, marcada por protestos multitudinários, convergência artística com as lutas políticas e, sobretudo por intensos confrontos com a polícia. Nesse contexto, as repressões violentas também refletem um panorama de supremacia de poderes, responsável por silenciar o exercício democrático no país. A existência de grupos violentos infiltrados na maioria dos manifestos abre margem para o fomento à repressão, o que, por conseguinte, inibe a manifestação dos cidadãos de bem. Dessa forma, o pouco diálogo entre a polícia e a população favorece a instalação de grupos criminosos e depredadores nos protestos - o que acaba por desmoralizá-los - e incita atitudes repressoras justificadas pela manutenção da ordem.        De outra parte, o empoderamento da população no âmbito de reivindicação em prol do coletivo ainda é pouco refletido no Brasil. Isso decorre devido à dificuldade de estabelecer um pensamento que associe as manifestações populares a um desempenho da cidadania, principalmente em indivíduos com menor instrução, os quais, em muitos casos, não têm ciência do seu direito de protesto. Nesse âmbito, a falta de incentivo às manifestações corrobora para um cenário que banaliza atos corruptivos e escândalos na esfera política. Exemplo disso é a polarização da população, que se preocupa mais em estabelecer uma orientação política a um pensamento pautado em coibir quaisquer que sejam os atos ilícitos que ferem a moral e o bem estar coletivo.         Urge, portanto, medidas para que as manifestações populares possam alcançar de fato o seu auge democrático. Nesse sentido, é de extrema importância a parceria entre a Polícia, no papel das Secretárias de Segurança Pública, com a sociedade, promovendo encontros com os manifestantes antes dos protestos, com o intuito de coibir a infiltração de grupos violentos e garantir o exercício pleno das manifestações sem violência. Por fim, cabe às escolas, a promoção de palestras nas comunidades, estabelecendo aos indivíduos um paralelo sobre a importância do protesto pacífico na garantia da legitimidade de direitos, com o fito de empoderar a população frente às mudanças sociopolíticas.