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Enviada em: 02/06/2018

Na década de 2000, as manifestações sociais passaram a utilizar a internet como importante ferramenta de mobilização no mundo físico, levando mais cidadãos para as ruas. No entanto, contrariamente a tendência de união e cooperação entre indivíduos, esses movimentos encontram dificuldades de defender propostas de transformações sociais, pois estão fragmentados devido, sobretudo, ao desafio de dialogar com uma humanidade cada vez mais consumista e individualista e à superestimação de valores culturais em relação aos coletivos.       É essencial ressaltar, primeiramente, que segundo Octávio Ianni, o conhecimento acumulado sobre a população nacional não é mais suficiente para esclarecer as configurações e movimentos de uma sociedade global, o que demonstra a intensificação de classes sociais e, por sua vez, do individualismo, características inerentes à globalzação. Nessa perspectiva, é facilmente analisado no século XXI a consolidação de elites vistas como egoístas, na medida em que almejam cada vez mais ao lucro em detrimento de políticas públicas de qualidade aos mais pobres. Nessa direção deflagram-se mobilizações populares em oposição a essa realidade de separação social, como, por exemplo, a que aconteceu em 2011 em Wall Street, protestos contra a desigualdade nos Estados Unidos. Isso representa um desafio a ser enfrentado pelas manifestações populares visando ao coletivo.      Além disso, quando Alain Touraine, sociólogo francês, exprime que, na contemporaneidade, os movimentos sociais estão se baseando somente na categoria cultural, evidencia-se a perda de valores coletivos nas reivindicações cidadãs. Isso ocorre porque, com a massificação do consumo, a sociedade debate mais dobre minorias, mulheres, sexo, ecologia, que são temas culturais, e menos acerca de trabalho e de capital, os quais são produtos da Primeira Revolução Industrial, no século XVIII. Apesar de fazer emergir novas manifestações populares, essa mudança de perspectiva mundial fragmenta as lutas sociais, porque os indivíduos possuem ideologias diferentes, mas não respeitam a opinião do outro. Dessa forma, o sentido de cooperação se perde.      Fica claro, então, o mal prognóstico da defesa de um ideal mais democrático pelos cidadãos na atualidade. A fim de reverter essa problemática, o Ministério Público deve financiar e fiscalizar com mais veemência projetos de infraestruturas básicas, principalmente, em localidades carentes, porque, assim, a discrepância social é amenizada. Ademais, as escolas e universidades devem fomentar o debate a respeito das diferenças culturais por meio de feiras de ciência e palestras com indivíduos de diversas tradições, pois, dessa maneira, a sociedade se conscientizará que divergências não devem se excluir e sim se complementar para um bem comum: a dignidade de todas as pessoas.