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Enviada em: 04/06/2018

"A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história da luta de classes", como defendia Karl Marx. Ou seja, o ato de lutar ou manifestar-se e tornar pública uma opinião coletiva não é algo tipicamente do mundo contemporâneo. Fatos históricos como a revolta em 509 a.C. de várias classes sociais da sociedade ateniense insatisfeitas que levaram Clístenes ao poder; o levante que culminou a Revolução Francesa em 1789; a Revolução Russa em 1917, evidenciam que as manifestações são ações inerentes aos seres humanos. Mas, com o advento das redes sociais e internet, o século XXI proporciona um ambiente favorável. No entanto, é vital que estas sejam fundamentadas em dois aspectos: justiça e igualdade.        Justiça, não no sentido restrito, uma vez que a exemplo da revolta de classes atenienses em 509 a.C. não havia o sistema judiciário que conhecemos, logo invalida a possibilidade de comparação nesse sentido. Porém, no sentido amplo de justiça encontramos outro panorama: o descontentamento coletivo. No século em questão foi um período conturbado para Atenas e a partir daí que surgiu os primeiros passos da democracia, obviamente limitada, mas um ideal completamente diferente do até então praticado. E tudo surgiu pelo descontentamento de várias pessoas, por manifestações. Para não estender demasiado o ponto, o mesmo se aplica aos momentos históricos acima citados como a fome, excessivos impostos e governança fraca na França de Luís XVI. Enfim, os revoltosos buscaram justiça.       Partindo-se do pressuposto anterior, do descontentamento advindo de uma injustiça percebida, tem-se a busca de um equilíbrio via igualdade. Igualdade no sentido de, ao menos reduzir, condições extremas de vida que levaram os descontentes a, em um momento desesperador, unir a tantos outros e fazer ecoar suas queixas. Voltando aos tempos históricos mencionados é fácil perceber isso. Quem se manifesta o faz por um ideal de igualdade, justiça e, principalmente, movido pelo descontentamento. A partir daí, voltando exclusivamente para nosso século, vemos que a comunicação entre os descontentes evoluiu. Se antes as notícias demoravam até anos para circular, hoje não leva mais do que alguns segundos para alcançar seu(s) receptor(es).        Por fim, o que as distingue é a fonte do descontentamento, a busca por igualdade e justiça permanecem iguais, ao que tudo indica. Movimentos sociais sempre vão existir porque, como bem documenta a História, enquanto houver pólos de poder em uma sociedade, sempre haverá recalcitrantes. Fundamentados ou não, sempre haverá independentemente do regime, muitas outras Revoluções Francesas e Primaveras Árabes porque o viver em sociedade ainda não conseguiu, e possivelmente não conseguirá, atingir a utopia de uma perfeição, tão almejada por Karl Marx.