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Enviada em: 28/05/2018

"Como é difícil acordar calado, se na calada eu me dano, quero lançar um grito desumano, que é uma maneira de ser escutado." O compositor Chico Buarque, que foi isolado e preso durante a Ditadura Militar Brasileira, fez parte dos manifestantes contra a forma de governo vigente da época. Em meados de 1984, um movimento popular, que ficou reconhecido por "Diretas já!", foi o responsável pelo fim do ciclo militar no poder. Dessa forma, é possível perceber que a expressão da população tem um grande papel frente às mudanças sociais no país. Fica evidente, pois, que as manifestações são um grande caminho para os brasileiros reivindicarem por seus direitos, porém, ainda é possível deparar-se com um cenário negativo em meio a isso.   Em primeiro lugar, verifica-se que as causas das manifestações populares são, em sua maioria, crises sociais, econômicas e políticas. Com isso, grande parte da população, em sua maioria jovens, saem às ruas das cidades do país, no desejo de que suas vozes sejam ouvidas. Ademais, o advento das redes sociais garante uma melhor comunicação entre os manifestantes. Dessa forma, um fato ocorrido em 2013 ilustra o cenário. A "Revolta dos vinte centavos", como ficou conhecido o conjunto de manifestações em junho desse ano, foi uma clara crítica aos problemas enfrentados pela nação desde a eclosão da Crise Econômica de 2008. Assim, o governo acabou por ceder a uma parte dos pedidos dos manifestantes, o que garantiu o fim dos protestos.   Por outro lado, o contexto pode se dar de maneira diferente, o que gera outros impasses além dos motivos das revoltas. Haja visto que desde sua formação como Estado, o Brasil já enfrentou suas primeiras revoluções populares, houve necessidade de garantir uma forma de conter os levantes. Como exemplo das revoltas do Período Regencial, as tropas do imperador se faziam presentes e reprimiam os movimentos de forma violenta. Dessa maneira, na conjuntura atual, ainda existem grupos, como a tropa de choque, que utilizam de formas violentas para imposição do poder, com uso de gás lacrimogênio, balas de borracha e sprays de pimenta.  Logo, não há como negar que apesar de ser garantido ao cidadão o direito à manifestação em exercício a sua liberdade de expressão, ainda há um grande empecilho a ser vencido. Dessa forma, cabe ao Poder Executivo garantir, em princípio, tais direitos do cidadão, assegurando o fim da violência policial e das tropas de choque. Bem como, é dever das Assembleias garantir ouvidoria às reclamações da população em meio aos manifestos, por meio de reuniões com os líderes das revoltas, a fim de chegarem a um consenso, para que, por fim, não seja mais necessário um grito desumano para o povo ser escutado.