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Enviada em: 04/06/2018

Na Grécia Antiga foi criado um espaço destinado às manifestações de opinião e pensamento sobre os assuntos da pólis: a ágora. No limiar do século XXI, após inúmeras transformações socioculturais, tal espaço se estende para além do físico e tem como protagonistas mais do que o restrito conceito de cidadão para os gregos. É necessário, desse modo, que se discuta o importante papel da internet e da participação dos jovens nas manifestações populares ocorridas no novo milênio.         Em primeiro plano, é inegável que a Revolução Francesa gera, em todo o mundo, consequências ainda nos dias atuais. Nesse sentido, a internet se tornou um instrumento na busca pelos princípios liberais: liberdade, igualdade e fraternidade. Sendo o mundo virtual um meio de livre expressão, serviu às manifestações como meio de fomentar debates, críticas e denúncias diante das desigualdades sociais, da violência e do preconceito, que são opostos a esses princípios. Além disso, é utilizado também como forma de organizar e mobilizar as manifestações em torno de objetivos comuns - como aconteceu, por exemplo, nas manifestações de junho de 2013, no Brasil. Assim, estende-se o direito de fala a um maior número de pessoas, que, assim, contribuem com suas ideias.         Em segundo plano, tem-se a participação dos jovens como um dos fatores que levam à ocorrência de tantas manifestações que lutam por melhorias. Sendo um grupo social que, nos últimos anos, tem tido maior acesso à educação, a formação intelectual desses indivíduos leva-os a se tornarem cidadãos mais críticos e conscientes dos problemas enfrentados pela sociedade em que se inserem. Dessa forma, diferentemente do que pensava Aristóteles em sua obra Ética a Nicômaco, ao dizer que o jovem não é bom ouvinte de preleções sobre política, hodiernamente tem sido resgatado o papel da juventude nesse meio, mostrando-se importante para as conquistas populares dos últimos anos - inclusive com o uso das redes sociais, algo tipicamente jovem.          Diante dos argumentos supracitados, é preciso, portanto, que mais ouvidorias online sejam criadas e implementadas nas páginas das redes sociais de órgãos como os ministérios da educação, saúde e cultura, a fim de que as principais ideias elegidas pelos manifestantes internautas possam ser ouvidas e debatidas na busca por soluções e melhorias. Ademais, cabe às escolas, em parceria com as câmaras municipais de vereadores, incentivar os jovens, por meio de campanhas publicitárias e palestras, ao interesse pelo exercício da política na administração pública, como participantes do Poder Legislativo, ou seja, como vereadores. Dessa maneira, o jovem terá representação legítima das suas ideias expressas nas manifestações, podendo contribuir, efetivamente, para a construção de uma sociedade melhor. Apenas assim as manifestações populares serão as ágoras dos cidadãos contemporâneos.