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Enviada em: 03/06/2018

O jornalista Eduardo Galeano afirma que nunca se alcançará a utopia, mas ela serve para continuar caminhando rumo a melhorias sociais. Esse é um dos célebres objetivos da maioria das manifestações populares no século XXI, as quais são catalisadoras de mudanças, logo se percebe a importância de analisar pontos positivos e negativos que a envolvem.       À princípio, convém ressaltar a importância da participação social, pois, conforme o professor Robert Putnam, seu nível é inversamente proporcional aos problemas em sociedade, ou seja, ela minimiza o cerceamento de direitos. Consequentemente, o envolvimento da população em protestos contra abusos de poder ou até negligência governamental é válido desde que seja realizado de forma pacífica. Com isso, esse mecanismo de libertação contribui para a garantia de princípios democráticos essenciais, a saber, a liberdade de expressão e a igualdade.   Apesar desses benefícios, parte significativa das manifestações brasileiras vão de encontro a interesses de alguns detentores de poder, o que provoca repressão inadequada pela força policial — dificilmente punida — utilizando não só gás lacrimogênio mas também agressão física. Essa calamidade infelizmente se assemelha ao período colonial, quando, antes mesmo da concretização do ato, os autores da Inconfidência Mineira foram reprimidos, com a morte, por exemplo, de Tiradentes. Revela-se, portanto, como o Estado ainda apresenta elementos desumanos mesmo diante dos avanços democráticos.          Nesse contexto, medidas são urgentes para, ao ampliar o horizonte utópico previsto por Galeano, garantir a humanização dos protestos. Para tanto, a sociedade civil organizada deve manifestar-se contra abusos de poder policial nesses eventos, por meio inclusive das redes sociais por facilitarem a organização, a fim de manter a paz no ato. Em concomitância, cabe ao Ministério Público, mediante mecanismos jurídicos de pressão, possibilitar punições adequadas, tal como a suspensão temporária do cargo e reeducação, a esses policiais, visando à liberdade de opinião.