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Enviada em: 17/08/2018

No final do século XX, com o fortalecimento do Movimento Operário, trabalhadores faziam greves nas principais cidades brasileiras exigindo melhores condições de trabalho e aumentos salariais. No contexto atual, situações como esta são muito frequentes. Com uma constituição que faz das greves um direito do cidadão e um mundo virtual que, além de permitir a propagação das ideias, traz um sentimento de liberdade, os movimentos ganham ainda mais força. De fato, a luta pela cidadania é importante. Contudo, não se deve passar por cima do direito do outro na busca pelo seu próprio. Atualmente, o papel das mídias sociais nas manifestações populares é de grande relevância. O surgimento delas como forma de conectar as pessoas foi algo inédito e colaborou para o crescimento dos movimentos. Além de ajudar grupos a se organizarem, a internet foi também muito usada para atrair adeptos como o movimento "Vem pra Rua" criado em 2016 durante os protestos que culminaram com o impeachment de Dilma Rousseff. Todavia, as redes sociais também fornecem a sensação de uma ampla liberdade de expressão em um mundo com ideias muito polarizadas. Isso levou ao uso de uma linguagem que estimula a violência, o que influencia grupos radicais a usarem formas cada vez mais agressivas de se manifestar. Ademais, mesmo quando as causas para a greve são justas, a questão - mesmo que legal - acaba interferindo na coesão social. Segundo Durkheim, as sociedades modernas são como grandes organismos vivos, em que os órgãos são diferentes entre si, mas todos dependem um do outro para um bom funcionamento do ser vivo. O recente movimento grevista dos caminhoneiros afetou todo o país, comprovando a visão do sociólogo de que a divisão do trabalho aumentou a interdependência entre os indivíduos. Dessa forma, paralisações gerais de setores fundamentais da sociedade causam um efeito dominó e impedem o resto da população de cumprir o seu papel. Portanto, as greves são importantes instrumentos na revindicação dos direitos do cidadão. Porém, devem ser feitas de forma a haver limites para que elas não tragam mais prejuízos do que benefícios. Cabe às autoridades federais, estaduais e municipais criar medidas preventivas - em vez de esperar a situação tomar proporções incontroláveis - como órgãos específicos para dialogar com a população e procurar trazer mais justiça para a sociedade vigente. Além disso, a mídia deve desestimular a violência nas manifestações por meio da exibição de filmes e documentários sobre líderes revolucionários que buscavam a conquista dos direitos de forma pacífica, como Nelson Mandela. Só assim, o povo poderá viver em harmonia e as greves serão apenas ferramentas motivadoras para um futuro mais justo.