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Enviada em: 04/11/2018

Segundo a filosofia de Hegel, o homem é um ser histórico e, por isso, tem a capacidade de se adaptar ao contexto no qual está inserido. Dessarte, verifica-se hodiernamente, em consonância com o hegelianismo, a incessante busca dos seres humanos por mecanismos adaptativos que os assegurem o acesso à informação. Nesse âmbito, insere-se a internet, que funciona como um importante recurso informativo, porém, corrobora a manipulação comportamental ao concretizar o controle de dados. Logo, tal fenômeno torna-se passível de debate, a fim de se discutir as causas e possíveis soluções para esse impasse.        Primeiramente, convém ressaltar o desconhecimento como um fator de vulnerabilidade no contexto tecnológico. Sendo assim, o pouco entendimento do corpo social a respeito da existência de práticas influenciadoras na internet e o escasso estímulo à crítica fazem com que a população se encontre suscetível ao manejo. Nessa vertente, o ilimitado contato individual com notícias selecionadas pelas redes, somado à aceitação dos informes relatados como verídicos e ao pouco discernimento sobre as proposições, favorece o controle e a ordenação dos comportamentos dos internautas; dessa forma, é possível concluir, tendo por base o filósofo Max Horkeimer, que o maior perigo na Era da Informação é a desinformação.        Em segunda instância, à medida em que o controle de ações é efetivado, o lucro empresarial é favorecido e o processo é perpetuado. Nesse viés, o sociólogo Theodor Adorno evidencia em sua teoria da “Indústria Cultural” que a arte – como filmes, músicas e seriados – adquiriu um fim comercial e um caráter lucrativo. Dessa maneira, os algoritmos, que associam informações no que tange às preferências dos usuários da internet, contribuem para a produção de mídias que satisfaçam o perfil dos consumidores e garantem que esses tenham acesso a tais criações, por intermédio da filtragem de dados. Assim, o modo de pensar de um cidadão se torna vulnerável às influências das obras e suas ações são manipuladas, visto que o indivíduo é induzido a consumir aquilo que lhe é oferecido pelas máquinas.        Urge, portanto, a adoção de medidas que amenizem os impactos do controle de informações. Para tal, o Ministério da Educação deve viabilizar um maior conhecimento popular acerca da prática de manipulação por algoritmos, por meio da inclusão da educação tecnológica na grade curricular dos ensinos fundamental, médio e supletivo, que discorra e informe sobre a existência do manuseio de dados, de modo a estimular o senso crítico. Espera-se, com isso, homologar o ideal hegeliano, ao promover a deliberação como uma adaptação ao contexto atual.