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Enviada em: 05/11/2018

Para o sociólogo Durkheim, a sociedade é como um “organismo biológico” no qual as partes devem funcionar em consonância. Entretanto, a manipulação dos brasileiros na internet, a ineficácia do Estado no controle e a permissividade da população com seus dados fazem o Brasil hodierno se afastar do funcionamento harmônico defendido pelo pensador. Sob esse prisma, é imperioso analisar os aspectos sociais e políticos que abarcam a questão no país.              Pontua-se, de início, que desde a Revolução Industrial do século 17 as tecnologias influenciam a rotina e o comportamento do homem. De maneira análoga, nos tempos atuais, o Brasil encontra-se na era digital - também chamada de 3 Revolução Industrial - e as novas formas de relações sociais e de trabalho, intermediadas pela internet, alijam os cidadãos brasileiros dos processos decisórios e os submetem ao controle ideológico das grande empresas. Além disso, a falta de interesse e a conivência social no fornecimento de informações confidenciais - feitas ao se aceitar o contrato unilateral dos serviços da rede sem lê-los - fomenta a utilização do perfil de navegação para o direcionamento da opinião e do consumo do usuário. Como efeito, o cidadão é inserido em uma “bolha social” - isolamento ideológico -, o que o torna suscetível à manipulação com base em seu comportamento. Esse contexto de fluidez nas relações e as novas formas de interação comercial foi definido pelo sociólogo polonês Bauman como “Modernidade Liquida” e expõe a urgência de ações para mitigar tal mazela nacional.             Vale ressaltar, também, que segundo a lei do Marco Civil da Internet, instituído no governo Dilma Rouseff, o Estado é responsável por fiscalizar a conduta das empresas atuantes na rede. O que se nota, no entanto, é uma ineficácia estatal em regular os algoritmos que trocam informações sobre o usuário para manipular sua navegação, a título de exemplo vê-se que ao se utilizar ferramentas de busca, o usuário instantaneamente começa a receber propagandas sobre os produtos pesquisados. Ademais, nota-se uma inércia governamental em se garantir o direito constitucional à privacidade. Tal falha, por conseguinte, permite que casos como o vazamento de dados confidenciais de 80 milhões de usuários do Facebook, segundo o site G1, aconteçam sem punições aos responsáveis. Todo esse caos, análogo ao quadro “Guernica” de Pablo Picasso, mostra a necessidade de se resolver esse imbróglio tupiniquim.            Evidencia-se, portanto, que ações são necessárias para impedir a manipulação do brasileiro na internet. Assim, cabe a mídia, que é influenciadora de opiniões, por meio de propagandas e matérias em telejornais, instruir a população sobre a importância em se ler os contratos dos serviços na rede e a não colocarem seus dados pessoais em qualquer sítio, para diminuir a disponibilidade de dados confidenciais a fim de diminuir a manipulação dos usuários. Outrossim, cabe ao Ministério da Ciência e da Tecnologia, que tem poder influenciador na internet, fiscalizar e punir casos de vazamento de dados - como o do Facebook -, por intermédio de comissões de fiscalização e multas, para diminuir o número de episódios de vazamento e proteger os dados dos cidadãos a fim de acabar com o controle do usuário. Logo, o Brasil aproximar-se-á da harmonia de Durkheim.