Materiais:
Enviada em: 05/11/2018

É sabido que o homem - na atualidade - dedica boa parte do seu tempo e da sua rotina ao acesso das redes sociais e ao uso da internet de modo geral. Esse cenário permite construir a identidade humana e fundamentar o processo civilizatório em experiências não apenas presenciais, mas também virtuais. Diante disso, é notório o poder de manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet, no intuito de disseminar ideologias e de fortalecer estereótipos tão presentes e frequentes no mundo globalizado vivido.       Primeiramente, é importante compreender a persistência das análises feitas pela filósofa alemã, Hannah Arendt. Com base em suas contribuições, percebe-se que as ferramentas e os canais digitais são mecanismos que controlam a opinião popular, pois contêm estratégias de persuasão capazes de beneficiar ou denegrir a imagem de alguém e de um grupo. Exemplo recente disso foram as tentativas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em combater as "fake news", notícias falsas compartilhadas na internet. Os efeitos dessa prática afetavam diretamente a decisão do usuário como eleitor e poderiam comprometer a manutenção do estado democrático de direito do Brasil. Dessa maneira, ratifica-se a influência da internet na tomada de decisões dos indivíduos e de como o seu uso inadequado e pautado em interesses privados pode prejudicar o funcionamento social.        Ademais, é válido mencionar que o controle de dados pela internet por meio da filtragem de publicações cria bolhas virtuais. Essas são formas de validar somente as próprias convicções e opiniões do usuário das redes sociais, fazendo com que as ideias divergentes tornem-se alvo de intolerância. Assim, a pessoa passa a agir de maneira preconceituosa com os que pensam diferente, validando, então, o estudo sobre o narcisismo às pequenas diferenças, de Freud, pai da psicanálise. Segundo ele, os que se apresentam de modo contrário tendem a ser excluídos e discriminados. Desse modo, a internet fomenta cidadãos intransigentes e, muitas vezes, desumanos.                 Fica evidente, portanto, a preponderância que a internet possui ao moldar o pensamento e as atitudes dos usuários. Para minimizar os efeitos nocivos, é fundamental que as escolas promovam debates, desde o ensino básico, com os alunos e os pais, objetivando alertar sobre os riscos que as pessoas estão sujeitas. Além disso, o poder Judiciário pode criar canais de denúncias, diminuindo a divulgação de mentiras e de boatos que afetem a ordem comunitária. Já a mídia pode trazer em propagandas e em programas de auditório, a necessidade de utilizar a internet sempre pautado no respeito e na empatia. Nesse sentido, as pessoas poderão manusear os meios comunicativos na internet com mais senso crítico e autonomia pensante e os malefícios poderão ser atenuados.