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Enviada em: 05/11/2018

Crise de autenticidade e manipulação social             A sociedade contemporânea assiste passivamente à destruição da autenticidade no processo de desenvolvimento da personalidade do indivíduo, impulsionada pela relação dos usuários das redes sociais com os modernos algoritmos das grandes corporações. Esse deletério cenário de massificação cultural, com consequente manipulação social, é fruto de dois hodiernos produtos da Internet: a publicidade direcionada e as fake News.       Preliminarmente, ao se considerar o alto grau de inteligência de um algoritmo, percebe-se que todo comportamento de um usuário na Internet é registrado pelos sistemas. Desta feita, as grandes corporações são capazes de projetar as aspirações volitivas individuais, como os desejos de consumo, e fornecer conteúdo publicitário personalizado. Assim, além de estimular condutas perdulárias na população, condiciona-se o consumo de empresas específicas, limitando a experiência mercantil a poucos atores.       Destarte, a conjugação da extensa capilaridade das informações transmitidas online, com a falta de senso crítico na população, permite que os indivíduos sejam bombardeados por notícias, em sua maioria falsas, de acordo com suas preferências políticas e culturais. Nesse contexto, reforça-se a ‘bolha social’, inibindo a pesquisa quanto à veracidade das informações, bem como dificultando qualquer processo dialético.       Ensejam-se, portanto, atitudes governamentais a fim de limitar a atuação e o alcance dos algoritmos virtuais, garantindo a higidez no processo de construção da personalidade do indivíduo. Por conseguinte, cabe ao Legislativo produzir leis que controlem o acesso aos dados do usuário, protegendo sua vida privada, assim como provendo a discricionariedade individual quanto à recepção de conteúdo publicitário. Além disso, é ingente a necessidade de aumentar as sanções aplicadas naqueles que divulgam conteúdo falso, com fins de manipulação social.