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Enviada em: 05/11/2018

Criada no contexto da Guerra Fria, a internet era restrita à utilização em sistemas de informações laboratoriais. Na atualidade, o acesso à rede mundial de computadores encontra-se amplamente difundido. Essa conjuntura propicia a massiva coleta de dados dos usuários, os quais recebem conteúdos e informações personalizadas que podem ser utilizados para influenciar comportamentos econômicos e políticos.       O filósofo Zygmunt Bauman assevera em sua obra "Vida para consumo" que a atual lógica de mercado e caracterizada pela criação de necessidades aos consumidores. Nessa ótica, a internet é responsável por massificar o alcance de propagandas, as quais são moldadas de acordo com o histórico de navegação do usuário, com o perverso objetivo de incrementar o consumo e incentivar comportamentos. Assim, as empresas elevam suas receitas na medida em que usuários são influenciados pela constante exposição a anúncios cuidadosamente selecionados.       Além disso, a manipulação de dados na internet pode ter repercussões políticas. Isso foi observado no contexto eleitoral estadunidense, no qual a empresa "Cambridge Analytica" coletou dados de usuários do Facebook, objetivando personalizar anúncios para influenciar votos. Essa prática desqualifica o pleito eleitoral, uma vez que a liberdade de pensamento e escolha -próprias da democracia- são descaracterizadas pelo controle informacional nas mídias digitais. Com isso, as redes sociais têm o potencial de serem utilizadas como instrumento de disseminação de informações a serviço de grupos sociais dominantes.       Faz-se mister, portanto, minorar o contexto de manipulação na internet. Para isso, as redes sociais devem promover a transparência, por meio da divulgação de dados e informações aos usuários, objetivando esclarecer quais mecanismos são utilizados para direcionar anúncios e, assim, tornar consciente sua utilização. Por seu turno, o Congresso Nacional diminuir a influenciação de usuários, mediante a criação de dispositivos legais, com o objetivo de impedir que usuários sejam politicamente manipulados e, assim, garantir a plena execução da democracia. Assim, o indivíduo terá a plena consciência de pensamento e atuação em sociedade.