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Enviada em: 05/11/2018

O estorvo do caminho      Em 1928, quando Carlos Drummond de Andrade apresentou o poema "No Meio do Caminho", isso causou muita polêmica, porque consideravam-no, devido à redundância, sem sentido ou monótono. Porém, houve uma interpretação equivocada dos versos do modernista, pois as pedras -- tão -- mencionadas são alusões aos expressivos obstáculos (dificuldades) que os indivíduos encontram no caminho (vida). De maneira análoga, o controle de dados na internet é um empecilho para o usuário, desrespeitando um dos princípios basilares do direito à dignidade humana: a privacidade. Além disso, a sociedade contribui para a perpetuação da problemática mediante uma consciência coletiva omissa e, sobretudo, alienada do assunto.     Em primeira instância, a qualidade intrínseca e distintiva do ser humano é vencida por violações à privacidade. Consoante o pensamento do filósofo Immanuel Kant, exposto na obra "Fundamentação da Metafísica dos Costumes", os indivíduos devem ser tratados com um fim em si mesmos, e não como meios. Desse modo, a pessoa -- por não admitir qualquer equivalência -- compreende de uma dignidade. Contudo, segundo o jornal "El País", no artigo "O gosto na era do algoritmo", há fiscalizações íntimas de dados dos usuários de internet com fins de manipulação, isto é, não gozam da plenitude de seu direito universal sem que questionem.    Não suficiente, é importante salientar que os seres humanos são influenciados pelo sentidos sensoriais. Então, semelhante à mitologia grega, quando Eco fora condenada pela deusa Hera a repetir tudo que escutava, o homem moderno acostumou-se (pleonasmo) em unicamente reproduzir o que vê e ouve sem análise crítica. Nesse contexto de massificação, inseriu-se a pesquisa do sociólogo Teodor Adorno sobre a indústria cultural, da qual se demonstra o aumento da alienação na sociedade capitalista e os seus porquês. Logo, torna-se imprescindível um engajamento popular para superar a inconveniência.     Portanto, a fim de combater a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet, urge à díade comunidade e escola, em cooperação, mitigar à problemática supracitada. A esta, enquanto instituição socializadora, elevar -- por meio de ficções (1984, George Orwel) -- o campo de visão dos alunos; àquela, com o auxílio do terceiro setor, sob a perspectiva do conceito de "banalidade do mal", proposto pela filósofa Hannah Arendt, que a pior maldade deriva da irreflexão, é imperativo repensar os seus comportamentos. Somente assim, explorando os obstáculos do caminho, poder-se-á sobrepujar a pedra.