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Enviada em: 05/11/2018

Período de bipolarização ideológica, a Guerra Fria não apresentou confrontos bélicos diretamente entre as potências envolvidas, Estados Unidos e União Soviética. Confrontos indiretos, contudo, marcaram o período, sendo uma de suas faces a corrida tecnológica. Sob esse viés, em 1969 surge a Internet que, a partir da Terceira Revolução Industrial é amplificada mundialmente. Apesar dos incontáveis progressos, nos últimos anos, com o avanço das mídias sociais, nota-se a onipresença dos algoritmos, levando não só a uma personalização do uso das redes, como também a uma clara manipulação do comportamento do usuário, gerando consequências econômicas, sociais e até mesmo políticas.      No plano econômico, sob influência capitalista, o indivíduo é inserido em uma ideologia consumista. Theodor Adorno e Max Horkheimer, filósofos da Escola de Frankfurt, caracterizaram a Indústria Cultural como sendo a manipulação do entretenimento, o qual é destituído de seu poder crítico para promover uma sociedade alienada e consumidora. Sob essa ótica, geradores de conteúdos, como "youtubers" e celebridades, realizam parcerias com empresas relacionadas a seu público majoritário, objetivando influenciar digitalmente os usuários a comprar os produtos apresentados.     Outrossim, no plano social o usuário é condicionado a filtros de conteúdos. Por conseguinte, o algoritmo restringe o contato do internauta com opiniões divergentes à sua, impedindo massivamente a formação do senso crítico. Ademais, a limitação de informações gera uma "bolha" virtual, na qual o indivíduo se torna suscetível a acreditar passivamente nos fatos apresentados, possibilitando a veiculação de notícias falsas. Nesse contexto, é notável a influência em processos políticos, como a eleição americana, de 2016, e a brasileira, de 2018.      Destarte, com base nos fatos supracitados, a manipulação comportamental pelo controle de dados é indubitável. É papel do Ministério da Educação inserir discussões sobre temas sociais à grade curricular, de modo a construir uma capacidade crítica na nova geração, limitando os impactos dos algoritmos e da Indústria Cultural. Cabe, também, ao Poder Legislativo, a criação de uma lei que obrigue as empresas midiáticas a fornecer recursos que deleguem ao usuário a opção de compartilhar, ou não, seus dados. Desse modo, a soberania da liberdade individual será garantida.