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Enviada em: 05/11/2018

No século XV, Gutenberg democratizou o acesso à informação ao criar a imprensa. Hodiernamente, o feito de Gutenberg deu lugar ao de Zuckerberg - criador do facebook - que junto às demais redes sociais e plataformas digitais protagonizam a manipulação do comportamento de seus usuários pelo controle de dados na internet. Com efeito, a construção de uma sociedade que valoriza o bem-estar social pressupõe que a normatização comportamental seja, urgentemente, combatida.       Em primeiro plano, a educação digital incipiente dos indivíduos fragiliza seu direito deliberativo. A esse respeito, em 2016, o dicionário de Oxford conceituou o fenômeno de pós-verdade, segundo o qual os usuários são levados a compartilhar e consumir informações não pelo caráter verídico expresso pelo hipertexto, mas sim, pela conformidade apresentada por esse com a a opinião do cidadão. Ocorre que, a falta de juízo crítico no ato do compartilhamento além de cerceá a quantidade de informações vinculadas ao usuário, fragiliza sua visão multiperspectivada da realidade. Dessa modo, enquanto o fenômeno de pós-verdade for regra, a educação digital será exceção.       De outra parte, normatização de conteúdos na rede negligencia a formação moral do cidadão. Nesse viés, o filósofo Jean Paul Sartre ensina, em sua obra o Existencialismo, que o ser vivente é produto de suas escolhas, as quais devem ser realizadas em vigência da liberdade. Dessa forma, a filtragem de informativos, feito pelas redes sociais e sistemas de busca, negligencia o poder de escolha do interlocutor, o que revela, na prática, o cerceamento da liberdade construtiva elucidada por Sartre.      Urge, portanto, que a democratização do acesso a informação, como idealizado no século XV por Gutenberg, seja efetivada. Para isso, as escolas, com auxílio de jornalistas, poderiam aguçar o juízo crítico dos alunos, a fim de que o fenômeno de pós-verdade seja combatido e dê lugar à educação digital. Por sua vez, o Ministério da Ciência e Tecnologia, em conjunto ao Comitê Gestor da Internet, poderia reivindicar a filtragem informativos feitos pelos sistemas de busca, por meio, de reuniões periódicas, a fim de que o poder deliberativo do usuário não seja negligenciado.