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Enviada em: 05/11/2018

Um dos fundadores do Netflix, em entrevista a revista britânica “The Economist”, afirmou que o maior objetivo da companhia é oferecer ao telespectador, baseado no seu humor e escolhas passadas, o conteúdo perfeito para determinado momento. Apesar da semelhança com a ficção científica, o controle de dados na internet pode manipular o comportamento do usuário influenciando não só posições extremistas como direcionando escolhas eleitorais.       Primeiramente, salienta-se que as redes sociais tendem a reforçar convicções político-ideológicas levando a extremismos. Isso acontece pois o algoritmo que define o que aparecerá por primeiro na linha do tempo reproduz postagens com alinhamento semelhante às anteriormente curtidas pelo usuário. Esse fato, aliado a constatação do intelectual italiano Umberto Eco para quem a internet deu voz aos idiotas, favorece o surgimento de “guetos cibernéticos” cujo controle permite a manipulação desse público.        Outrossim, o controle de dados na internet pode ser usado para direcionar o voto dos eleitores. Sob esse prisma, recorda-se o recente escândalo da “Cambridge Analytica” que teria utilizado informações dos usuários para fazer marketing a favor do então candidato Donald Trump nas eleições americanas. Logo, torna-se evidente, que a desregulação no uso dos dados virtuais pode permitir ações que comprometam o Estado Democrático de Direito.        Infere-se, portanto, a necessidade de regulação para impedir que o comportamento do usuário seja manipulado por quem detém o controle de ciber-dados. Para tanto, é imprescindível que a sociedade civil pressione o Congresso Nacional para que aprove legislação que impeça a comercialização de dados e obrigue as empresas de Redes Sociais a desenvolver algoritmos que coloque na linha do tempo notícias de viés semelhante e contrário ao do usuário, na mesma proporção. Dessa forma, dados do usuário serão utilizados para propiciar o debate de ideias e fortalecer o “agir comunicativo” que nas palavras do filósofo alemão Jürgen Habermas é um dos pilares da democracia.