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Enviada em: 07/11/2018

Amarras Virtuais         Na primeira metade do século XX, a Escola de Frankfurt apresentou o conceito de Indústria Cultural, trazendo à luz a ideia de que os gostos do indivíduo não mais o pertenciam, mas eram escolhidos pela grande mídia e impostos à sociedade. Quase um século depois, essa realidade foi amplificada com o advento da internet, que passa a controlar o consumo do usuário através de algoritmos e dados. Muito além do indivíduo, hoje podemos observar o quanto essa manipulação impacta na sociedade contemporânea.    Esse domínio afeta principalmente a autonomia do indivíduo. Ao ser bombardeado com escolhas feitas pelos aplicativos a partir do histórico do usuário, este sente-se no controle de suas decisões, sem perceber que muito do que lhe é ofertado é ditado a partir do interesse de grandes empresas. Aplicativos como Netflix e Spotify constantemente oferecem um leque de opções para construir uma ilusão de individualidade, mas na verdade todo aquele conteúdo é apontado de forma a gerar uma maior massificação cultural, padronizando o interesse dos usuários.     Essa manipulação acaba também afetando a sociedade como um todo, formando as chamadas "bolhas sociais". Cada vez mais ou algoritmos usados filtram o conteúdo ofertado a partir de dados previamente colhidos, entregando assim apenas o que corrobora com o ponto de vista do usuário. Um exemplo pode ser observado durante as eleições de 2018, em que o país percebeu uma polarização como nunca visto antes. Essa realidade foi alimentada pela seleção de informações feita por redes que passam a entregar apenas conteúdos que apoiem o ponto de vista do indivíduo, fechando-o em uma bolha unilateral.     Pode-se inferir, portanto, que a manipulação de dados gera intensos reflexos individuais e sociais. Dessa forma, a escola como formadora da base social deve educar os alunos sobre o uso atento e equilibrado da internet, através de palestras e cursos que promovam uma navegação consciente. Concomitantemente, a mídia como veículo de informação deve buscar informar o indivíduo sobre um uso inteligente e regrado, que democratize o acesso ao invés de filtrá-lo. Só assim a sociedade poderá enfim se livrar das correntes que lhe foram impostas e se tornar livre novamente.