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Enviada em: 05/11/2018

É incontrovertível que o advento da internet proporcionou infinitas possibilidades aos usuários. São milhões de "sites" que oferecem todo tipo de conteúdo, a qualquer momento. Contudo, nessa rede gigantesca da tecnologia de informação, há certos perigos para quem a utiliza. O uso comum de algoritmos, pelas plataformas digitais, que têm acesso ao que se é consumido e dão sugestões ao consumidor, como músicas, vídeos, aplicativos e "sites" parecidos com o que ele já faz uso, embora pareça um sistema bastante útil, é uma problemática que deve ser analisada.                             Primeiramente, é válido ressaltar que, cada vez mais, esse modelo toma conta das decisões e escolhas que deveriam ser próprias de cada pessoa. Ao invés de buscar pelo que deseja consumir, o ser humano aceita o que a máquina lhe propõe, tornando-se um escravo da tecnologia, pois perde a capacidade de julgamento e análise, deixando-se levar pela combinação da matemática com a tecnologia, o que é típico da concepção de modernidade líquida de Bauman, em que não há valores, relações e informações sólidos.                                                                                               Ademais, como consequência do capitalismo, num cenário em que o tempo engole o homem, essa aceitação pelo que é mais rápido, mais acessível, faz com que não haja preocupação com a obtenção do conhecimento pleno e verdadeiro, como era desejado pelos antigos filósofos, pelo contrário, quanto mais simplório, melhor. Além disso, o problema não se restringe a jovens e adultos, mas também afeta crianças e idosos que fazem uso demasiado da internet e são vítimas desse processo, o que revela a gravidade da questão, uma vez que atinge todas as parcelas da população. Isso evidencia a falta de autocrítica e racionalidade da sociedade brasileira, condição que tende a progredir e se perpetuar com os avanços tecnológicos.    Desse modo, diante do mosaico visualizado, medidas são necessárias para resolver o impasse. É mister que a escola, baseada na máxima de Kant que afirma que o ser humano é resultado da educação que recebe, incentive as crianças e jovens a terem pensamento crítico de avaliação, através de aulas que promovam o uso do senso crítico, para tratar o problema desde a base, minimizando as causas de alienação. O poder midiático deve promover campanhas e propagandas sobre a importância da liberdade de escolha não ser substituída pela ilusão da mesma, proposta pelos algoritmos. É sempre relevante o diálogo e debate sobre o tema, uma vez que é preciso manter a autonomia humana perante inovações tecnológicas, assim haverá a concretização do que escreveu Stuart Mill: "sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano."