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Enviada em: 14/11/2018

Nos anos 60, o teórico da comunicação Marshall McLuhan defendia que a mídia não é apenas um canal passivo para o tráfego de informação. Ela, portanto, fornece a matéria, mas também molda o processo de pensamento. Hodiernamente, no Brasil, observa-se a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet com o objetivo de influenciar nas decisões pessoais, assim como preconizava o especialista. São fatores que contribuem para essa problemática a busca pelo lucro a qualquer preço aliada a uma fragilidade no cumprimento da legislação vigente para impedir esses abusos.       Primeiramente, com o surgimento da cultura de massa a arte e o entretenimento passaram a ser tratados como produtos e, consequentemente, o mercado virtual busca manipular e controlar as ações dos usuários na internet. Conforme Karl Marx, em sua obra "O Capital", em um mundo capitalizado a busca pelo lucro ultrapassa valores éticos e morais. Nesse sentido, essa "tecnologia de espionagem" utilizada na rede mundial de computadores se encaixa na teoria do filósofo alemão, uma vez que fere a privacidade dos indivíduos. Logo, é inadmissível que o país que representa a oitava maior economia do mundo não tenha adotado mecanismos para coibir essas práticas inescrupulosas.       Ademais, isso acontece porque as frágeis leis que existem para proteger os consumidores contra o "marketing" abusivo não são respeitadas. De acordo com Montesquieu, em sua obra "O Espírito das Leis", não basta um país ter boas leis, mas as que lá existem devem ser aplicadas. Nesse contexto, é preciso que a legislação vigente seja respeitada, no intuito de atacar frontalmente o problema, uma vez que, segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mais de três quartos da população brasileira utiliza a internet para o entretenimento e, portanto, não devem ser vítimas dessas práticas abusivas.       Diante desse cenário, é preciso criar mecanismos para combater as ações das empresas que utilizam tecnologia para manipulação do comportamento do usuário através do controle de dados na internet. Desse modo, o Governo, através da figura do Poder Executivo - ao qual é atribuída a função de governar o povo e os interesses públicos de acordo com as leis previstas na Constituição - deve criar delegacias da polícia federal para combater esses abusos. Para isso, pode-se reverter, por exemplo, a nefasta política de renúncias fiscais que, segundo o TCU, Tribunal de Contas da União, somaram, somente em 2017, R$ 354,7 bilhões e investir parte desses recursos para financiar esse projeto. Espera-se, com isso, que os internautas possam decidir o que querem comprar ou assistir sem influencias externas.