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Enviada em: 05/11/2018

“O homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado”. A célebre frase do filósofo iluminista Rousseau pode ser ratificada na conjuntura hodierna ao se destacar a manipulação do comportamento dos indivíduos pelo controle de dados na internet. Analisando-se a situação, é possível perceber a nocividade desse artifício para a sociedade, na medida em que favorece o consumo inconsequente, bem como a homogeneização cultural.      Em primeiro plano, destaca-se a ideologia capitalista que é fomentada com a filtragem de dados estabelecida no mundo virtual. Nesse contexto, o modelo de produção toyotista vigente possui como fundamento a diversificação da produção com o intuito de atingir o maior público possível. Assim, o que se nota na internet, é a utilização das informações dos usuários para a individualização dos anúncios de mercadorias, fomentando, cada vez mais, o consumismo. Dessa forma, os indivíduos tornam-se ainda mais alienados, permeados por desejos e vontades impostas pelos grandes empresários.       De outra parte, a manipulação das mídias sociais tem como efeito a promoção de feições culturais estandardizadas. A esse respeito, é notório que, apesar da diversidade de vídeos, séries e filmes ofertados, há a sobreposição  daqueles considerados mais rentáveis, que recebem posições de destaque nas mídias e sugestões, por exemplo. Isso pode ser explicado conforme as ideias de Theodor Adorno, o qual concebeu o conceito de indústria cultural, em que a própria arte se transforma em mercadoria, visando apenas o lucro e favorecendo, assim, a classe dominante.       Impende, pois, que a relação de domínio mantida mediante o controle de dados dos usuários na internet, seja amenizada. Para que isso ocorra, os indivíduos já cientes da problemática devem desenvolver grandes campanhas nas redes sociais, visando conscientizar a maior parcela possível da população para que essa, posteriormente, por meio de manifestações pacíficas, repudie a manipulação cibernética realizada pelas grandes páginas. Por sua vez, órgãos governamentais mundiais poderiam interferir no problema exposto, mediante a exigência de uma maior transparência no que tange ao funcionamento dos algoritmos utilizados.  Desse modo, as correntes denunciadas por Rousseau poderão, enfim, ser destruídas.