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Enviada em: 05/11/2018
Muito antes do advento da internet, Jeremy Bentham propôs um modelo de penitenciária onde os internos não sabiam se eram vigiados ou não. Essa mesma ideia pode ser aplicada atualmente ao mundo virtual, onde os usuários têm seus comportamentos moldados de forma imperceptível pela inteligência artificial. Dessa maneira, há uma perda do senso crítico individual e a massificação das opiniões. Sob esse viés, é possível notar uma falta de autonomia na escolha dos conteúdos consumidos pelas pessoas na internet. Isso acontece através da programação dos algoritmos digitais no sentido de direcionar os internautas segundo um perfil detectado por eles. Nesta toada, o panóptico de Bentham, já expandido por Michel Foucault para o comportamento em sociedade, ajuda a explicar essa manipulação no mundo virtual. Sendo assim, os usuários não têm a sensação de vigilância enquanto seguem os caminhos de seus cliques auxiliados por um controle invisível. Outrossim, aliada à perda gradual de discernimento em suas escolhas, há uma convergência programada nas opiniões dos internautas. Uma vez que ocorre uma lapidação em seus interesses, eles tornam-se uma massa de manobra cada vez mais vulnerável ao consumo indistinto de conteúdo digital, sem a preocupação com a veracidade dos fatos. Em outras palavras, esses usuários agem como prisioneiros de Bentham na sociedade de controle de Foucault, onde o guarda oculto é o algoritmo invisível. Dessa maneira, a inteligência artificial também é capaz de exercer uma forma sutil de controle. Portanto, torna-se evidente uma alienação virtual em uma sociedade completamente dependente da internet. Assim, há uma demanda por tratativas para diminuir os efeitos colaterais dessa relação. Uma delas é a inclusão da educação digital no ensino básico pelo Ministério da Educação. Esse tipo de ação deve ter as premissas de fomentar o senso crítico individual e estimular o consumo de conteúdo por outras fontes que não a internet, numa tentativa de desconstruir o panóptico virtual.