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Enviada em: 06/11/2018

O cientista inglês, Alan Turing, no contexto da 2º Guerra Mundial, ao desvendar e manipular os códigos criptografados da Alemanha nazista, definiu a vitória inglesa. Nesse cenário, é notório o poder da tecnologia, especialmente da internet nos dias atuais, ao influenciar em diversas questões, inclusive no comportamento do usuário. Sob esse prisma, é válido analisar o fator motivador e os efeitos desse controle comportamental.     Entende-se, de início, que as empresas são as grandes interessadas na definição do conteúdo a ser visto no meio digital. Tal fato pode ser entendido, pois a urgência de vender produtos e serviços aos consumidores é grande, criando-se mecanismos para atrair o cliente, como, por exemplo, evidenciar propagandas em meio à navegação em redes sociais para trazer o desejo de comprar. Dessa forma, certamente, a organização que utiliza dessa estratégia atrai novas possibilidades de mercado, potencializando o lucro. Consoante a isso, Theodor Adorno criticou a “Indústria cultural”, haja vista que essa artimanha capitalista cria uma cultura consumista visando atender aos interesses dos empresários, como ocorre com essa manipulação virtual apresentada.     É fundamental, ainda, discutir que a falta de poder decidir acerca dos hábitos de consumo é desastrosa para o homem. Isso porque a tentativa de criar necessidades inexistentes na população acarreta, muitas vezes, nos transtornos compulsivos e na negativação do nome junto ao SPC e Serasa, por exemplo, por conta de dívidas feitas sem suficiência de recursos para quitar. Nesse sentido, a violação da individualidade cibernética e da dignidade do cidadão é latente, configurando agressão coercitiva no mundo digital. Essa ideia pode ser explicada pelo sociólogo francês, Pierre Bourdieu, ao definir a “Violência simbólica”, cuja premissa consiste na violação de direitos das pessoas sem que haja necessariamente violência física, uma vez que a psicológica já fere demasiadamente.    Torna-se evidente, portanto, que o homem é influenciado negativamente pela internet e essa realidade precisa ser revertida. Para tanto, urge que o Ministério Público Federal, por sua autonomia de investigar e denunciar violência, intensifique as investigações de propagandas na internet que credibilizam atitudes compulsivas. Essa ação será feita por meio da criação de um órgão, dentro da hierarquia do agente, para fiscalizar e punir empresas que criam conteúdo abusivo e sites que hospedam tais anúncios, a fim de acabar a manipulação em rede dos usuários. Assim, a população poderá desvendar suas reais necessidades.