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Enviada em: 06/11/2018

A Revolução Francesa, guiada no século 18 por preceitos iluministas, trouxe a falsa ideia de que a liberdade impera na sociedade, porém, é evidente que, desde o impeachment de Dilma Rousseff à eleição de Jair Bolsonaro, diversos acontecimentos contemporâneos foram influenciados pela internet, a qual, devido a certos mecanismos, retira a autonomia intelectual dos cidadãos. Nesse contexto, o ambiente cybernetico constitui um local frágil e de ameaça à democracia, haja vista que determinados grupos utilizam o controle de dados dos usuários para manipular a sociedade e ascenderem ao poder.   Primeiramente, consoante ao pensando do geógrafo brasileiro Milton Santos, o poder de alienação sobre um povo provém da afirmação do que o difere, dificultando a observação do que o une. Nesse contexto, a utilização de algoritmos, verdadeiros cérebros artificiais que determinam o que aparecerá no “feed” de cada um, insere os internautas em bolhas sociais, reforçando a premissa de que suas opiniões são uma verdade indiscutível. Assim, com a sociedade presente nesse ambiente, há a falsa sensação de que ela está participando ativamente dos debates sócio-políticos, entretanto, de acordo com o professor José Saramago, ela está cada vez mais no fundo da Caverna de Platão do século 21, acorrentada pela alienação e sujeita aos anseios dos grupos dominantes.  Ademais, o livro Admirável Mundo Novo, do escritor Aldoux Huxley, que foi proibido por descrever uma sociedade que segue, alienadamente, comportamento pré-estabelecidos, muito de assemelha ao contexto atual, uma vez que tal perspectiva de controle social é perpetuada por intermédio da filtragem de dados na rede. Sob esse viés, os algoritmos beneficiam os grandes empresários que, devido o acesso às informações pessoais dos usuários, exercem grande poder de influência no que eles consomem, desde elementos culturais à bens materiais. Além disso, esse sistema fere a liberdade e a privacidade de todos, pois para que o filtro funcione, há o roubo de informações de quem navega, como admitido pela comissão de campanha do presidente americano Donald Trump. Fica evidente, portanto, que o governo deve, por meio da criação de agências reguladoras, fiscalizar e punir sites e mídias que vendem ou utilizem dados pessoais dos usuários com finalidades ideológicas ou de mercado, a fim de proteger os internautas da obediência influenciada por determinados grupos. É preciso também que o MEC promova, por meio de debates escolares, uma educação que valorize a pluralidade cultura e política, formando indivíduos com maior criticidade perante as informações divulgadas. Com tais medidas, será possível romper as correntes da alienação que prende a sociedade na Caverna de Platão, conferindo a ela maior autonomia na conquista de liberdade e de privacidade, condições propostas ainda no século 18 pela Revolução Francesa.