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Enviada em: 06/11/2018

Na música "3ª do plural", a banda Engenheiros do Hawaii reflete acerca da comercialização do indivíduo e da imposição, por parte da indústria cultural, de uma forma de pensar e agir. De maneira análoga, a composição faz-se concreta na contemporaneidade, frente à influente manipulação da internet sobre seus usuários. Dessa forma, seja pelo viés cultural de alienação da população, seja pela falsa sensação de liberdade que a conexão propõe, de fato, a sociedade tupiniquim permanece no limbo de submissão comportamental imposto pela rede.        A princípio, é licito referenciar a tese de Pierre Bourdieu, intitulada "Habitus", uma vez que disserta acerca da incorporação de costumes tomados pela sociedade como verdades absolutas, de forma que essa internaliza-os e os dissemina geração após geração. À vista disso, tem-se que grande parte da nação tomou por hábito a cultura de alienação e despreocupam-se com a origem e veracidade daquilo que chega até ela, assim, acatam o que lhe é imposto sem questionar. Dessa forma, percebe-se que os indivíduos cultuam a alienação em seu cerne, o que contribui para a manipulação da internet sobre seus comportamentos.        Além disso, convém ressaltar o vasto acesso à informação que a rede proporciona por meio de seus navegadores, que dá ao usuário a falsa sensação de liberdade. É paradoxal, no entanto, que quanto mais tempo o indivíduo "navega" na internet, mais exposto fica ao controle dela, pois essa manipula o que é visto, através de algoritmos que selecionam a relevância do conteúdo. Nesse sentido, é relevante mencionar o recente caso de roube de informações sofrido pelo Facebook, em março de 2018, uma vez que mais de 15% dos perfis tiveram sua privacidade violada por uma empresa especializada em comércio de dados para anunciantes. Nessa toada, evidencia-se, na superexposição à conexão, a sensação de (in)segurança que permeia o seu acesso.        Com essas constatações, tem-se, na internet, um meio para manipular e perenizar a alienação comportamental da população. Urge-se, portanto, que o Ministério das Tecnologias, em parceria com os centros de pesquisa das universidades, desenvolva um aplicativo que estimule a autonomia dos usuários da rede, utilizando-se, para isso, de um jogo online de perguntas e respostas sobre a temática, dificultando os níveis a medida que o jogador acerta. Através desse mecanismo, será possível fomentar a informação de como se proteger dos perigos da rede à sociedade, de uma forma educativa e divertida, que atinja a todos os públicos. Apenas assim, poder-se-á ofertar aos músicos desse país a oportunidade de versar sobre uma nação consciente e realmente plural.