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Enviada em: 11/11/2018

De acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, na era da informação, a invisibilidade é igual a morte. No entanto, quando se observa a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet, hodiernamente, verifica-se que esse pensamento extrapola aos que estão à margem da sociedade globalizada, e abrange aqueles que, apesar de ter acesso aos variados conteúdos no mundo virtual, tem suas vontades e opiniões moduladas por essas informações. Diante disso, faz-se necessário discorrer sobre a educação básica deficitária oferecida pelo governo, e o comportamento desrespeitoso de empresas virtuais ao invadir a privacidade dos cidadãos, como algumas das principais causas dessa problemática.        Vale ressaltar, a principio, que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre as causas da persistência da manipulação do comportamento de usuários de internet no Brasil. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que a educação deficitária oferecida pelo Estado rompe essa harmonia, haja vista que, ao adotar metodologias de ensino que não formam cidadãos críticos e julgar as informações que lhes são oferecidas na internet, o artigo 205 da Constituição Federal de 1988 não é cumprido plenamente. Esse artigo encarrega ao Estado o dever de oferecer uma educação de qualidade, de modo a formar indivíduos preparados para as demandas sociais, profissionais e econômicas.        Além disso, faz-se mister, ainda, salientar o comportamento desrespeitoso de empresas virtuais como impulsionador da problemática acima exposta. De acordo com Zygmunt Bauman, a falta de solidez nas relações sociais, políticas e econômicas é a característica da "modernidade líquida" vivida no século XXI. Diante desse contexto, tem-se os algoritmos formados por empresas virtuais com a base nos dados de acesso de usuários na internet, que são responsáveis por lhes ofertar produtos ou reforçar suas opiniões, que muitas vezes ocultam posicionamentos diferentes ou fatos verídicos.       É evidente, portanto, que ainda há entraves para a solidificação de políticas que combatem essa manipulação de usuários de internet. Destarte, o Ministério da Educação deve promover palestras, nas escolas, com a presença de engenheiros de informática, a fim de mostrar aos estudantes como as empresas agem no mundo virtual para ter acesso aos dados dos indivíduos, e utilizar cartilhas para melhor ilustrar esse comportamento, a fim de que eles sejam capazes de julgar todas as informações que lhes são oferecidas na internet. Dessa forma, a educação mudará a vida das pessoas, e essas mudarão o mundo, como prega o pedagogo Paulo Freire.