Materiais:
Enviada em: 07/11/2018

"Tudo o que se consome e o que se compra são sedativos morais que amenizam os escrúpulos éticos". A célebre frase do sociólogo polonês Zygmunt Bauman revela a característica impulsiva que os seres humanos, de modo geral, têm em usufruir das tecnologias na modernidade líquida. Contudo, a falta de privacidade e a modelagem do comportamento social, oriundo dos algorítimos em aplicativos dificultam o exercício da democracia. Logo, medidas devem ser tomadas para atenuar esse problema.   Primeiramente, é importante analisar que a atual necessidade de o indivíduo estar conectado ao mundo globalizado o faz se entregar completamente para algumas empresas de informação e comunicação em troca de um serviço, seja para conversar com amigos ou até utilizar ferramentas que auxiliem o seu trabalho. No entanto, tal negociação costuma desrespeitar a liberdade individual, a qual se encontra na primeira dimensão dos Direitos Humanos, uma vez que não há, de fato, a neutralidade da rede e os usuários, por conseguinte se tornam reféns de um sistema de armazenamento e compartilhamento de dados. Fato que comprova isso é que segundo matéria publicada pela BBC, os anúncios de venda de produtos têm aparecido com mais frequência nas telas de aparelhos eletrônicos dos brasileiros. Contribuindo, desse modo, para que o desejo inconsequente do consumismo seja tratado de maneira cultural.   Por outro lado, a manipulação de ideias, bem como ocorreu na época do Nazismo na Alemanha e no Estado Novo no Brasil reforça o teor autoritário que as mídias podem exercer num determinado tecido social. Ainda que não se viva mais num período opressor, a seleção de temas em alta pode corroborar para o rompimento do equilíbrio social, tão fundamental e defendido pelo filósofo francês Rousseau. Nesse sentido, cabe destacar a pós verdade, palavra do ano escolhida pela Universidade de Oxford em 2016, como a principal responsável pela deliberação de conteúdos falaciosos a respeito de temas conflituosos, espalhando o terror e a intolerância.   Portanto, o racionalismo cartesiano de Descartes se faz necessário para a elaboração do método que combata essa problemática. Para tanto, o Ministério da Tecnologia Informação e Comunicação junto ao Legislativo e empresas dos aplicativos precisam estabelecer uma ação comunicativa, por meio do diálogo a fim de construir um acordo legal que modere o acesso às informações pessoais dos indivíduos. Nesse viés, as instituições responsáveis pelos "apps" poderiam deixar evidente o consentimento do uso e compartilhamento de seus próprios dados, para viabilizar o exercício democrático. Ademais, as mídias, como veículo de comunicação social pode através do engajamento ficcional demonstrar os perigos do hiper consumo e das fake news.