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Enviada em: 06/05/2018

O personagem Capitão América, de acordo com a ficção, surgiu por meio de um experimento científico que prometia transformar homens comuns em soldados imbatíveis. De maneira análoga, a tecnologia atual tem propiciado o descobrimento de diversos métodos terapêuticos experimentais. Todavia, o mau uso desses recursos medicinais tem se tornado um problema, pois além desses tratamentos não terem a mesma eficácia "mágica" de um tônico fictício, muitas dessas substâncias têm sido liberadas para consumo humano por pressões políticas e sociais sem o rigor científico necessário.       No século XIX, o assustador número de mortes pós-parto levou os médicos, pela primeira vez na história, a adotarem  a metodologia científica como base para novas descobertas e para otimizar a saúde oferecida à população. Sabe-se, no entanto, que um dos principais pilares desse método burocrático de comprovação é a responsabilidade que a ciência possui de não arriscar a vida de certos animais, nem muito menos a vida humana em certos experimentos. Logo, é nítido que a sociedade atual tem regredido no que tange à aceitação desse direito universal à vida, pois as próprias pessoas têm exigido a legalização de substâncias como a pílula do câncer para solucionar seus problemas sem ter certeza de sua eficácia, o que evidencia a ignorância social acerca de um assunto tão sério.      Segundo Aristóteles, a verdade deve ser provada racionalmente e não por meio de relações ou argumentos repletos de emocionalismo. Porém, é inegável que proibir o uso de substâncias como a fosfoetanolamina (que promete combater o câncer) e o canabidiol (proveniente da maconha) sem prestar contas com a população seria uma total negligência, já que o papel do governo e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária não é estagnar as pesquisas à respeito de determinado medicamento, mas procurar saber até que ponto eles podem servir às pessoas. Por outro lado, renomados especialistas como o próprio doutor Drauzio Varella afirmam que, indubitavelmente, a vontade do povo não deve ser acatada à todo custo, ignorando importantes ressalvas científicas.      Tendo em vista os fatos elencados, é essencial que haja um equilíbrio nas possíveis soluções para tal entrave. Para isso, é primordial que a ANVISA se junte aos ministérios de saúde e comunicação não apenas para que controlem de maneira criteriosa a liberação parcial de produtos como o canabidiol, mas também vinculem em todos os meios de comunicação sobre a importância das regras que visam defender a população de possíveis ameaças à sua saúde provocadas por medicamentos em teste. Ademais, é indispensável que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) incentive financeiramente os cientistas brasileiros para que busquem, por intermédio de rigorosas pesquisas, respostas mais esclarecedoras à sociedade sobre determinadas substâncias.