Materiais:
Enviada em: 19/04/2018

"Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados." Ao analisar a frase do escritor inglês Aldous Huxley, sob a atual conjuntura do Brasil, nota-se que a situação dos moradores de rua tem se agravado, cada vez mais, devido à negligência não apenas por parte do Estado, mas também pela sociedade. Diante disso, urgem medidas eficazes para que esse impasse seja, de fato, minimizado.             Sob um primeiro enfoque, a inadvertência do poder público é um dos maiores desafios no que tange à inclusão social dessa parcela marginalizada. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 assegura, no Artigo 5°, inúmeros direitos inalienáveis ao cidadão, entre eles a moradia. No entanto, percebe-se que, na prática, tal direito tem sido negligenciado, uma vez que, de acordo com a Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, o número de moradores de rua aumentou em 150% nos últimos 3 anos. Logo, enquanto o Estado não se mobilizar em prol da reinserção dos moradores de rua no âmbito social -por meio de moradias e emprego- o direito previsto na Carta Magna continuará a ser fragilizado, pois, segundo Thomas Jefferson, a aplicação das leis é mais importante que a sua elaboração.              Outrossim, o preconceito da sociedade contra os moradores de rua implica, de forma negativa, na segregação desse contingente populacional. A esse respeito, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, na obra Modernidade Líquida, discute acerca da fragmentação das relações interpessoais, em que a individualidade se dá em detrimento coletividade. Desse modo, nota-se que a falta de empatia dificulta a mobilização da sociedade em favor de ações solidárias, como campanhas para arrecadar alimentos e roupas, agravando, assim, a situação dos moradores de rua, visto que esses dependem de doações para sobreviverem.               Torna-se evidente, portanto, a necessidade de caminhos que solucionem o problema em questão. Em razão disso, o Ministério do Desenvolvimento Social deve investir na construção de abrigos onde os moradores de rua, além de se instalarem, possam desenvolver atividades que gerem renda, como o artesanato e a arte. Tal medida trará uma perspectiva de vida aos desabrigados, de modo a contribuir para a inserção desses tanto na sociedade quanto no mercado de trabalho. Ademais, o corpo social, em parceria com ONGs, deve ter mais empatia e se mobilizar para suprir a falta de alimentos, agasalhos e medicamentos dos moradores de rua, para que esses tenham, de fato, o direito à dignidade previsto na Constituição Federal.