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Enviada em: 09/05/2018

Conforme o psicólogo Fernando Braga Costa,a estratificação social e a subvalorização de determinados trabalhos condiciona um indivíduo a se tornar invisível socialmente.Tal perspectiva acomete os adolescentes e adultos moradores de rua,porquanto são circundados pela marginalização e  violência e vitimados pela subcidadania e negligência.De tal sorte,é pertinente analisar os problemas acerca dos moradores de rua na sociedade brasileira.      De início,vale salientar que,segundo levantamento feito por meio do Governo Federal e divulgado pela Revista Veja,o motivo pelo qual adolescentes dirigem-se às ruas perpassa pela violência doméstica e brigas com a família à evasão escolar.Semelhante realidade torna tais jovens suscetíveis e vulneráveis a se apropriarem da rua como espaço de vivência,visto que abandonaram a família e os estudos.Logo cria-se a concepção social de que desistiram da vida,colaborando à segmentação e,sobretudo,à estereotipação dos residentes de rua.      Além disso,a esse fato de exclusão,o poeta Manuel Bandeira no texto "O bicho" trata da questão da ausência de humanidade,em que mostra um homem urbano dependente do lixo para sobreviver e de como esta personagem é fadada à inutilidade pela modernidade periférica.Nessa lógica,irrompe a invisibilidade seletiva não apenas social,mas também institucional e midiática,já que muito sem-teto não possuem um trabalho formalizado,não havendo programas de memória do indivíduo como cidadão.Dessa maneira,o residente de rua transforma-se em um subcidadão,carente de sua própria identidade e individualidade.     Desse modo,a fim de regressar o morador de rua à vida em sociedade,cabe às prefeituras municipais,junto ao SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -,efetivarem políticas públicas destinadas à reinserção de jovens e adultos em situação de rua ao mercado de trabalho,por meio de cursos profissionalizantes e de campanhas assistencialistas que concedam uma receita pecuniária a tais indivíduos,para que se reconstruírem como pessoas.Acompanhado disso,é preciso que o Ministério do Trabalho institucionalize ações sociais de reconhecimento de trabalhos taxados como inferiores,a partir da criação de um dia nacional do catador de lixo para representar aqueles que têm empregos estereotipados e,ao mesmo tempo,relembrar à sociedade da existência dos sem-teto como cidadãos dignos.