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Enviada em: 28/04/2018

Em seu livro ‘Moradores de Rua: Uma Questão Social?’ , a escritora Camila Gioergetti promove uma análise acerca do dualismo com que se trata a questão dos moradores de rua no país. De acordo com a perspectiva dessa obra, a população em situação de rua é vítima constante tanto de um estigma, que surge com a manutenção de preconceitos por parte da sociedade, quanto da exclusão social e são,portanto, duas problemáticas que carecem de intervenções sociogovernamentais no país.       Hodiernamente, as políticas públicas que contemplam os moradores de rua são pautadas na construção de albergues e na concessão de uma alimentação que garanta a mera subsistência do indivíduo. Isto posto, a ingerência governamental não se preocupa com as especificidades desse, que pode ter passado toda a sua vida morando sozinho nas ruas e ter dificuldades para se adaptar às regras de convivência dos albergues. Dessa maneira, é possível verificar que as políticas públicas atuais não passam de uma marginalização de uma questão grave e de cunho social, pois generalizam a solução para uma questão complexa e que envolve seres humanos flagelados pela exclusão social.       Outrossim, de acordo com uma reportagem veiculada no portal ‘CartaCapital’ no ano de 2016, os moradores de rua relataram que a situação da maioria dos albergues é insalubre e carece de segurança, o que faz com que os beneficiários desses estabelecimentos prefiram dormir nas ruas. Logo,na analogia dos argumentos supracitados, boa parcela da população civil acredita que esses favorecidos não procuram os alojamentos porque não poderão consumir álcool e drogas e que,por isso, preferem dormir nas praças públicas, onde fazem as suas necessidades básicas. Todavia, embora causem desconforto aos transeuntes daquele local com o odor característico, é necessário reconhecer que não há uma estrutura capaz de atender aos moradores de rua, como banheiros públicos de fácil acesso. Destarte, os estigmas e preconceitos sociais são reforçados, o que lega a esses moradores a exclusão, a dificuldade de reinserção social e no mercado de trabalho.       Infere-se,portanto, que a problemática discutida é uma questão social e necessita ser amenizada. E, para isso, o Ministério do Desenvolvimento Social deve realizar pesquisas com as pessoas em situações de rua pois, ao fazer isso, poderão desenvolver políticas públicas menos genéricas e que atendam às especificidades dos indivíduos. Ademais, o Ministério dos Direitos Humanos deve não só averiguar as condições dos albergues atuais para garantir que as instalações sejam dignas e seguras, mas de mesmo modo promover parcerias com a iniciativa privada e com as prefeituras municipais em projetos que capacitem social e profissionalmente os indivíduos marginalizados, além da construção de banheiros públicos, o que trará mais dignidade aos que carecem de habitação.