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Enviada em: 26/05/2018

O cinismo filosófico é uma linha de pensamento fundada na Grécia antiga, tendo como um de seus principais representantes o filósofo Diógenes de Sínope, que se tornou morador de rua na negação e menosprezo ideológico das máscaras cotidianas de convivência. Tal corrente defendia a sobrevivência na natureza, sem as justificativas convencionais inerentes às relações interpessoais. Se antes tal fato era optativo, tornou-se, na atualidade, via de regra para um determinada população que é segregada socialmente, colocando em voga a máxima que o Brasil não possui indivíduos em extrema pobreza.      Um primeiro problema são os fatores determinantes para que um indivíduo tenha as suas relações interpessoais rompidas e torne-se um morador de rua. Deve-se destituir de valor o conceito que estes são sumariamente compostos por dependentes químicos, pois, estatísticas de estudo para o desenvolvimento de políticas públicas do Ministério da Saúde, traçam o perfil de tais indivíduos evidenciando sua heterogeneidade, fruto não só do uso de entorpecentes, como também do desemprego, desestruturação familiar, abandono de parentes e migrações em busca de melhorias de vida.  Este estigma fortalece correntes de preconceito que consideram o problema como prerrogativa da inconsequência e irresponsabilidade do próprio indivíduo.        Muitos usam tais pessoas para afirmações às crianças que o mal comportamento levariam-nas à exclusão social, arraigando tais conceitos. O que decorre, na realidade, nem sempre é visível aos olhos da população. Relatos dos moradores de rua indicam que todos já sofreram agressões físicas e ou morais, principalmente de autoridades civis e militares, assim como doenças originadas - em seu caso - da ausência de saúde pública, como a tuberculose, sendo invariavelmente excluídos das redes de atendimento público, seja pela falta de documentos pessoais, seja pelo próprio fator coercitivo lapidado pelo preconceito. Estes que são vítimas de maior fragilidade social, sentem-se ainda mais revoltados e massacrados pela população em geral, respondendo invariavelmente com atos de violência.        Em suma, a invisibilidade social de tais indivíduos é pautada em fatores negativos, como o receio de um assalto, e não somente na alienação quanto ao cotidiano. Este quesito pode ser enfraquecido pela desmistificação do preconceito pela mídia, dando visibilidade e voz aos moradores de rua para que estes relatem suas  necessidades e quebrem o perfil traçado pelas pessoas que não conhecem a sua realidade verdadeira. Tais indivíduos devem ser prontamente atendidos e captados pelos CRAS (Centro de  Referência de Assistência Social) quanto ao fornecimento de alimentação e apoio psicológico, além da emissão de documentos e direcionamento ao atendimento médico quando necessário, pois o conhecimento é primordial, mas a empatia é o a essência da cidadania.