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Enviada em: 25/06/2018

Na obra Capitães da Areia, Jorge Amado relata a história de um grupo de crianças que moravam nas ruas de Salvador-Bahia, vulneráveis às perversões humanas, fome e abalos psicológicos. Insistentemente, a mendicância nas cidades brasileiras é um fato nefasto e real. Tal qual em Capitães da Areia, a vivência com humilhações, dependência da escassa compaixão alheia, doenças e desconforto é, infelizmente, a realidade com a qual muitas pessoas sobrevivem, privadas da cidadania. Todavia, ainda que o cenário seja explicitamente desumano, o poder público cala-se. Sob essa ótica, o errôneo comportamento da sociedade alimenta o impasse. Muitos cidadãos generalizam ao disseminar a ideia de que todos os pedintes são preguiçosos e escolheram viver do ócio e da esmola. Em contrapartida, há a ínfima parcela da população que se ilude ao inocentar e vitimizar todos os mendicantes. O fato é que cada indivíduo tem seu trajeto percorrido, não devendo ser incluso em equivocadas abrangências. De igual sorte, o sistema capitalista vigente é coadjuvante e intensificador do problema. Por visar o lucro máximo, esse exige altos níveis de escolaridade, em detrimento ao labor pouco especializado da maioria dos moradores de rua, o que posterga a superestimação das funções intelectuais. Em auxílio, a atual crise econômica é responsável por induzir muitos cidadãos à mendicância.  Portanto, a fim de garantir o usufruto da cidadania, é necessária uma ação sinérgica. Em associação com o Ministério da Justiça, o Ministério da Educação deve elaborar um projeto de alfabetização, a ser executado nas praças públicas, e disponibilizar oficinas e cursos profissionalizantes, com o intuito de ampliar as possibilidades de emprego. Aliado a isso, o Ministério do Trabalho deve providenciar galpões destinados à síntese de artesanatos e produtos reciclados. Por fim, sociedade é incumbida de organizar-se um uma ONG engajada, que cuidará da saúde, alimentação e conforto térmico dos desamparados. Dessa forma, a sociedade tornar-se-á menos egoísta e impiedosa e o descaso governamental será estagnado.