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Enviada em: 16/08/2018

Segundo o ativista político estadunidense Martin Luther King " a injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar ". Tal concepção é coerente com a atual conjuntura brasileira, visto que observa a crescente existência dos moradores em condições de rua, sobretudo, nas grandes cidades. Esse fato decorre, principalmente, pela falta de engajamento coletivo para com a causa e invisibilidade atrelada ao descaso referente a tais grupos.     Em um primeiro momento, cabe afirmar que é de responsabilidade popular exercer compreensão sobre a situação e ambiente em que se encontra tal minoria. Nesse contexto, evidencia-se as circunstancias desumanas submetidas a elas, pois, antes de mais nada, não possuem acesso a moradia, alimentação, condições mínimas de salubridade, ou seja, sobrevivem em extrema miséria. Por conseguinte, sua dignidade, cidadania e direitos são violados, visto que a marginalização e violência os alcança, prova disso é o poema " O Bicho " de Manuel Bandeira, o qual descreve o espanto do autor ao observar um homem comendo lixo, o que em sua visão caracteriza a animalização do sujeito. Desse modo, é preciso uma mobilização para alterar tal quadro que afeta a integridade desses indivíduos.     Destaca-se, ainda, a falta de solidariedade do povo perante a causa. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, por exemplo, afirma que hoje as relações pessoais são líquidas, ou seja passageiras, esse fato, entretanto, gera no sujeito moderno sentimentos egoístas e a percepção de que o outro é um ser descartável, isto é não merecedor de sua atenção. Além disso, por tais minorias fazerem-se presente, principalmente, nos centros urbanos onde a vida é mais acelerada o mal de sua situação torna-se, aos olhos dos cidadãos, um fenômeno habitual e, logo ninguém concede a devida atenção e preocupação ao problema, fato sintetizado pela filosofa alemã Hannah Arendt em seu conceito de "banalidade do mal". Sendo assim, é fundamental acabar com a passividade da população frente aos impasses atuais.     Portanto, é imprescindível que as escolas realizem palestras ministradas por estudantes de assistência social, convidando, por meio de redes sociais e cartazes, toda a comunidade local e família dos alunos, com o objetivo de informar o povo sobre a situação degradante dos nômades urbanos, o que produzirá sentimentos de empatia nas gerações futuras, e, ainda, coletar doações as quais serão distribuídas a esse grupo por mutirões. Em consonância, ONG´s do desenvolvimento social devem fomentar parcerias com empresas privadas, a fim de criar alberques comunitários e centros de refeições, para retirar o máximo número de pessoas das ruas, tudo isso por meio de campanhas. Assim, a justiça não será uma utopia para o Brasil.