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Enviada em: 24/08/2018

Na época do Brasil República houve um período conhecido como bota-abaixo, no qual houve uma reforma urbana que provocou a demolição de moradias coletivas e populares, o que, por consequência, deixou diversas pessoas desabrigadas. Apesar de ter mais de um século o ocorrido, infelizmente, ainda nota-se a indiferença por parte da sociedade frente a certos segmentos sociais, haja vista que milhares de pessoas encontram-se em situação de rua. Nesse contexto, deve-se analisar como o preconceito e a falta de noções acerca da cidadania influenciam a exclusão social desses indivíduos.         Em primeira análise, é importante destacar que o preconceito faz com que tal parcela populacional não seja vista como sujeitos de direitos e pessoas que precisam da interferência do Estado para garantir condições mínimas de vida e desenvolvimento. Em vista disso, lamentavelmente, os moradores de rua são percebidos como a escória da humanidade, fruto de um senso comum desumano e, muitas vezes, são tratados com crueldade. Tal fato pode ser evidenciado por uma notícia do jornal O Globo, o qual informou que uma empresa de limpeza em São Paulo, ao realizarem um processo denominado limpeza urbana, jogou jatos de água nos moradores em um período de inverno.        Outro fator válido de se destacar é que tais indivíduos não se enxergam como cidadãos. A Defensoria Pública da União é um órgão responsável por atuar para garantir, entre outras coisas, o acesso a políticas públicas que permitam às pessoas em situação de rua a reabilitação física, social e profissional para reconstrução da vida de forma digna e autônoma. No entanto, muitas pessoas não tem noções sobre cidadania ou se sentem alheias ao convívio social. Desse modo, o indivíduo que não tem consciência de como o sistema se organiza e não se veja como sujeito titular de direitos e deveres, dificilmente conseguirá se inserir na sociedade e exigir que o Estado Social cumpra seu papel.       Diante desses impasses, necessita-se, urgentemente, que o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Cultura, desenvolva um olhar mais crítico e, concomitantemente, sensível nos estudantes, por meio de uma política de incentivo à formação artística - uma vez que  a arte ensina a observar, a analisar e, dessa forma, a desenvolver mais empatia - visando diminuir a invisibilidade social. Paralelamente, cabe às ONGs estimular a ideia de pertencimento à sociedade, mediante projetos voltados ao ensino de direito social, a fim de incentivar a busca pela assistência jurídica gratuita e, assim, garantir os direitos. De tal maneira, será possível minimizar a exclusão social.