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Enviada em: 21/08/2018

O homem        “Vi ontem um bicho... Não era um cão, não era um gato, não era um rato... O bicho era um homem”. O poeta Manuel Bandeira já alertava sobre a depreciação do homem no centenário passado. No entanto, no século XXI nada mudou, milhões de moradores de rua continuam a viver marginalizadas e invisíveis aos olhos da sociedade no Brasil. Diante disso, o Estado peca ao não viabilizar medidas para tirar essa transparência seletiva, enquanto os estamentos sociais preferem desviar o olhar.         A priori, a marginalização social é um grande tabu para as nações como um todo. Embora algumas culturas pregam que se deem assistências aos necessitados, como os islâmicos, o pensamento que impera, ao menos no país, é que aqueles que perecem nas ruas são os que não querem trabalhar. Não obstante, a invisibilidade só passa quando outros efeitos adversos se sobressaem, que nem o tráfico de drogas. Por conseguinte, o governo utiliza de medidas paliativas que não resolvem em definitivo o problema, como a remoção dos moradores de ruas do centro para a periferia.         Nesse mesmo viés, a sociedade só se atem a questão social quando passa a incomodá-la. Assim como ocorreu com a desarticulação da “cracolândia”, em São Paulo, na qual a mesma região conhecida por crimes, se restabeleceu não muito distante da primeira. Ainda assim, as ações higienizadoras providas pelo Estado e com o apoio da população visam a atingir a causa e não a consequência. À vista disso, as mazelas e as desigualdades sociais continuam intactas, diferente dos lençóis ou dos alimentos dos necessitados.       Desse modo, o Estado, como diz o artigo 5º da Constituição Brasileira, deve garantir o direito à moradia, por meio de subsídios, além de combater a raiz da desigualdade social e fornecer instrumentos para que os carentes possam ascender socialmente. Dessa forma, a sociedade precisa se despir do preconceito e cobrar que o poder estatal funcione sem que sejam necessários motivos de violência ou outros quaisquer para resolver o imbróglio social dos moradores de rua. Ademais, as mídias televisivas, com aporte do erário, podem, por meio de peças publicitárias, exporem as pessoas marginalizadas, bem como elucidar os motivos que as levaram a estar nas ruas, além viabilizar seletivas de emprego para a obtenção de renda dos mesmos. Por fim, se a política social permanecer a mesma, a palavra do poeta continuará a ser a verdade no Brasil, o bicho será o homem.