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Enviada em: 27/08/2018

Se a questão econômica brasileira já é cambaleante, a social é constituída de problemáticas alarmantes tais quais as condições de pessoas em situação de rua. Garantir direitos sociais ainda corresponde a uma prática muito imprecisa, por vezes inverídica, à realidade do país, quando se leva em consideração fatores como a cultura da invisibilidade seletiva, a mentalidade política excludente e aos elevados índices de corrupção governamental.       No que se refere à cultura de invisibilidade social seletiva, observa-se que parcela significativa da sociedade é apática a questão dos moradores de rua, uma vez que compreendem os mesmos como os principais ou únicos responsáveis pelas condições degradantes de vida, descompromissando o Estado. Nesse sentido, o quadro de anomia se faz cada vez mais presente, contribuindo para os preocupantes casos de criminalidade, miséria, disseminação de doenças e má distribuição de renda. Essa última representa uma das causas centrais que levam pessoas a habitar as avenidas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social entre os anos de 2007 e 2008.        Do mesmo modo, a mentalidade política excludente e os elevados índices de corrupção governamental tornam o direito à segurança social e à propriedade, os quais deveriam ser universais, uma regalia para poucos. Isso é evidente desde a constituição do país enquanto nação, onde vem prevalecendo a política latifundiária de concentração de terras e a do "pão e circo" com programas sociais - Minha Casa minha vida e Bolsa escola - os quais maqueiam a real problemática educacional e habitacional. Tudo isso como uma maneiras de não diminuir o enorme abismo entre ricos e pobres, além de evitar uma melhor distribuição da renda a partir da falsa sensação de presença governamental,  "impedindo" ainda a disseminação do conhecimento. Sendo assim, a ignorância perpetua a pobreza como eficaz instrumento de dominação, conforme afirmou o economista francês Thomas Piketty em seu livro O Capital no Século XXI.       Para que exista, assim, um acesso à melhores de vida se faz necessário e urgente maior compromisso dos sistemas de governo - municipal, estadual e federal - na distribuição e direcionamento adequado de verbas públicas, além de esclarecimento e engajamento da sociedade por meio debates em ambientes comunitários e apoio midiático.