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Enviada em: 22/08/2018

Em meados do século XVIII, durante a Primeira Revolução Industrial, muitos camponeses que, forçados a integrar-se ao novo modelo de produção capitalista, eram descartados pelos nascentes centros industriais, viam-se obrigados a buscar moradia em logradouros públicos. Essa, todavia, é a realidade de muitos brasileiros. Segundo pesquisas do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), estima-se que no Brasil haja cerca de 100 mil habitantes em situação de rua. Dessa forma, é imprescindível o amadurecimento das instituições públicas do país quanto à necessidade de garantir plenos direitos a essa parcela da população.      Em primeira instância, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos moradores de rua brasileiros é a indiferença verificada no tratamento dado a esse grupo pela sociedade civil. Rotulados, frequentemente, como improdutivos, sobrantes e marginais por representar parte da massa populacional excluída do mercado de trabalho formal, os indivíduos que buscam reintegrar-se ao meio social são, por vezes, vítimas de preconceito. Em 2017, por exemplo, a vereadora Soninha Francine, após considerar expor o seu relacionamento afetivo com o ex-morador de rua Paulo Rodrigues, precisou lidar com desaprovações e críticas advindas de familiares e amigos.          Outrossim, o elevado número de habitantes brasileiros em situação de rua nos municípios do país explica-se por diversas razões, desde problemas de ordem pessoal, como aborrecimentos familiares e alcoolismo, até deficiências na garantia de direitos básicos, como moradia, à população. Há ainda o fator desemprego, que, segundo dados veiculados pela revista Istoé, é responsável por 30% dos cidadãos residentes em logradouros públicos do Brasil, resultado do baixo nível de escolaridade característico desse grupo social, haja vista que uma grande parcela desses indivíduos não vê na educação a chance de mudar perspectivas individuais ou não obtiveram oportunidades de estudo.        É indiscutível, portanto, a necessidade de propor medidas que objetivem melhorar as condições básicas dos indivíduos residentes em logradouros públicos do Brasil. A sociedade civil, em parceria com as prefeituras municipais, deve assegurar a realização de mutirões em espaços públicos das cidades, que promovam o contato entre os moradores de rua e as outras parcelas da população, a partir de atividades culturais, como aulas de dança e esporte, e doação de alimentos, roupas e brinquedos, a fim de fazê-los sentir pertencentes ao meio social. Ademais, o Ministério da Educação deve garantir a oferta de cursos profissionalizantes gratuitos, por meio de aulas presenciais em escolas públicas do país, com o intuito de facilitar a entrada desses moradores no mercado de trabalho formal.